Rodolfo Torres
Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (23), o presidente Lula defendeu o direito de o Irã desenvolver tecnologia nuclear para fins pacíficos.
“O que nós temos defendido, há muito tempo, é que o Irã tenha o direito de desenvolver o enriquecimento do Urânio para a produção de energia, portanto, para fins pacíficos, tanto quanto o Brasil está desenvolvendo”, afirmou o petista, em encontro com o presidente daquele país, Mahmoud Ahmadinejad.
“Eu trabalho para a construção da paz no mundo. Eu acredito firmemente que nós poderemos ter um mundo de paz, porque a guerra não leva ao desenvolvimento, não leva ao progresso, não leva à melhoria da qualidade de vida das pessoas”, complementou Lula.
O líder iraniano está em Brasília, onde participa de um encontro entre empresários dos dois países. Esta é a primeira visita de Ahmadinejad ao país.
Para Lula, a visita do presidente iraniano “pode melhorar muito”as relações entre os dois países. “Não apenas pelos acordos que nós assinamos hoje mas, sobretudo, pela perspectiva de trabalho que os nossos Ministros da Ciência e Tecnologia, da Agricultura, da Indústria e Comércio, de Minas e Energia, coordenados pelo Ministério das Relações Exteriores possam fazer, de trabalho, até a nossa visita ao Irã, possivelmente no mês de abril ou no mês de maio.”
Lula destacou que Irã possui um mercado em potencial de 80 milhões de habitantes para os produtos brasileiros e é um país “com um poder de desenvolvimento extraordinário”.
O petista lembrou que, em abril do próximo ano, o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento) fará uma visita ao Irã com uma delegação de empresários brasileiros.
Protestos
A visita de Ahmadinejad foi criticada dentro o fora do Congresso. Para o presidente do Irã, o holocausto de judeus na Segunda Guerra Mundial não existiu. Ele também critica a existência do Estado de Israel.
“É muito lamentável. Isso demonstra que interesses econômicos estão acima da moral. Uma coisa que foge de meu entendimento, da minha imaginação, é que um presidente democrático como Lula receba esse homem aqui”, disse Ben Abraham, presidente da Associação Brasileira de Sobreviventes do Nazismo.
Autor de um projeto de lei que pune quem negar a existência de crimes contra a humanidade, entre eles o holocausto e a escravidão, o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) também criticou a visita de Ahmadinejad.
“É desnecessária, uma péssima companhia para o Brasil. Pessoas que não respeitam os direitos humanos, os direitos fundamentais, que negam o holocausto e propugnam a plena extinção do Estado de Israel não merecem ser recebidas no Brasil”, afirmou o parlamentar.
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