Questionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre a ligação entre o senador Magno Malta (PL-ES) com o deputado Lino Rossi (PP-MT), o assessor Wylerson Moreira da Costa, que teria operacionalizado a venda do Fiat Ducato, declarou que não sabia qual é o tipo de relação entre os dois. Ele informou que só encontrou com Magno Malta uma vez, em um evento em Rondonópolis (a 219 km de Cuiabá-MT).
"Eu estive só uma vez com o senador Magno Malta. Foi uma apresentação de um livro sobre droga. Eu cumprimentei e conversei com ele durante cinco minutos. Nunca conversei com ele em Brasília ou em outro lugar depois disso", afirmou Wylerson.
Wylerson Moreira confirmou a transferência do veículo em nome de José Luiz Cardoso para Querli Batistello, esposa de Lino Rossi, mas não soube explicar por que o recibo de transferência estaria em poder da família Vedoin, conforme descoberto.
"Deputado enrolado"
Ao explicar o assunto para o senador Jefferson Péres (PDT-AM), que tinha algumas dúvidas em relação à convocação do depoente, o relator do processo disciplinar, senador Demóstenes Torres (PFL-GO), informou que o deputado Lino Rossi já deu três explicações diferentes para a aquisição do veículo Fiat Ducato, que teria sido um presente da família Vedoin, responsável pela máfia das ambulâncias, em troca de emendas do deputado.
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"Me parece que ele está muito enrolado. Ele já deu três explicações diferentes para o episódio. A última foi de que era ajuda de campanha", disse Demóstenes Torres.
Versão contradiz depoimento de Lino Rossi
Outra pessoa convocada a depor, foi Valcir Piran, dono de uma factoring em Mato Grosso e o responsável por negociar o Fiat Ducato. O senador Demóstenes Torres perguntou a Valcir Piran quem estava mentindo: se era o deputado Lino Rossi ou a Planam.
O empresário preferiu não responder a pergunta, disse que comprou o carro de Lino Rossi e vendeu para José Luiz Cardoso. Depois disso, comprou o veículo de volta de José Luiz Cardoso e vendeu para a Planam. "Após a campanha, no final de 2001, o deputado Lino Rossi me procurou para vender o carro", afirmou Valcir Piran.
Ele negou que era íntimo de Lino Rossi. "Ele me procurou para comprar um carro dele. Deve ter procurado outras pessoas também. Comprei dele e vendi para o José Luiz Cardoso. Ficou com o carro uns meses e devolveu, não sei o porquê. Ele não deve ter gostado do carro. Então, procurei o Luiz Antonio Vedoin, porque ele mexia com ambulâncias e o Ducato era um dos carros que eles usavam para fazer ambulâncias".
O empresário também disse que não sabia de nenhum depósito de um cheque de R$ 50 mil, da empresa EPP, de Enir Rodrigues de Jesus – supostamente ligada à Planam – na conta de sua factoring. "Não posso dar certeza. Tenho 99% de certeza que não recebi esse cheque". Ele se comprometeu a olhar na contabilidade da sua empresa para descobrir se o cheque foi ou não depositado na conta dele.
"Nós precisamos saber como foi que o senhor recebeu. Afinal, o senhor vendeu e quem vende recebe", afirmou o relator Demóstenes Torres. O senador disse que, agora, só irá ouvir a defesa de Magno Malta depois que receber a informação sobre o cheque e os documentos da transferência do carro para Querli Batistelo. O relator do processo informou que a versão de Valcir confirma a de Luiz Antônio Vedoin e contradiz a de Lino Rossi.
Defesa de Serys Slhessarenko
O Conselho de Ética do Senado volta a reunir-se às 14h30 para ouvir a defesa da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT). A parlamentar foi citada no relatório parcial da CPI dos Sanguessugas por envolvimento com a máfia das ambulâncias. (Tarciso Nascimento)
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