O diretor-geral afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, reafirmou a participação de agentes da Abin na Operação Satiagraha, deflagrada pela Polícia Federal (PF). O diretor presta depoimento nesta quarta-feira (17) à Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência. Segundo Lacerda, a cúpula da agência teve conhecimento das investigações, mas não se “ateve a detalhes”.
“O meu trabalho na Abin é de diretor-geral reestruturando a Abin. Eu não precisava saber todos os passos da operação da PF. A Abin só se prestou para dar apoio. Achei que estávamos fazendo uma coisa útil: ajudar a Polícia Federal num momento que um delegado nos procurou”, disse Lacerda.
As declarações foram em resposta ao questionamento do deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), presidente da CPI dos Grampos na Câmara, que perguntou o porquê de não ter havido formalização no pedido de participação da Abin em operação da PF. “Nada da Abin se faz de maneira informal. Tudo tem norma e procedimento. Eu que dirigi o Centro de Inteligência da PF, sei que existe um canal técnico e, nesse caso, o doutor [Daniel] Lorenz não foi comunicado”, disse Itagiba se referindo ao diretor de Inteligência da PF, Daniel Lorenz, responsável por autorizar ações e colaborações de inteligência em operações da PF.
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Em seu depoimento, Lacerda disse ainda lamentar que o ministro-chefe de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Félix, não tenha sido informado sobre a parceria PF/Abin. Felix voltou a declarar hoje na comissão que não teve conhecimento da participação da agência. O diretor afastado da Abin atribuiu o desconhecimento à “falta de conversa”.
“O que poderíamos ter feito diferente é ter conversado sobre esse assunto. Não houve, e não foi por nenhuma segundas intenções. Sei que ele [general Félix] somente tomou conhecimento, quando esses fatos se tornaram público, e eu já me penitenciei com ele [general Félix]. Não há nada mais do que um apoio a um atividade da Polícia Federal”, declarou Lacerda.
Por sua vez, Félix reafirmou que a Abin não tem equipamentos para realizar escutas telefônicas. "A Abin tem equipamentos para realizar varreduras", explicou. (Renata Camargo)
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