Fábio Góis
Uma nova vertente de investigação deve explicitar, nesta semana, o papel precursor do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz no início do maior escândalo de corrupção da história do GDF. Segundo o inquérito em curso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Roriz é o “pai” do esquema de pagamento de propina conhecido como mensalão do Arruda e desbaratado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, no final de 2009 (leia tudo e assista a vídeos sobre o “Panetonegate”).
E a vedete do novo capítulo do escândalo – que levou à cadeia o ex-governador do DF José Roberto Arruda e põe a capital federal sob ameaça de intervenção – é a usina hidrelétrica de Corumbá IV, considerada pelo Ministério Público como espécie de obra-símbolo dos desmandos operados no GDF. Documento a que o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso disseca um histórico de negociatas da usina. Obra que, como lembra o periódico, recebeu 17 aditivos ao contrato original – todos instrumentos de canalização de dinheiro público para o empreendimento.
Construída pela Companhia Energética de Brasília, em parceria com a empreiteira brasileira Serveng-Civilsan, a um orçamento inicial de R$ 280 milhões, Corumbá IV chegou a custos finais de R$ 436 milhões – dos quais R$ 179,6 milhões ainda estão sem justificativa operacional na prestação de contas.
Como exemplo do que sugere superfaturamento, o estudo de viabilidade do edital previa, inicialmente, quatro pontes e 15 quilômetros de estradas de ligação à usina. Ao final, mais dez pontes e 83 quilômetros de rodovias foram construídos (provavelmente como pretexto para pagamento de propina a fazendeiros e políticos que exigiam mais estradas), em disparidade logo denunciada por auditores.
Ligando Luziânia à hidrelétrica ao longo de 23 quilômetros, a maior estrada vicinal construída via edital contorna propriedades de Roriz, cuja família é dona de uma enormidade de terras na região Centro-Oeste, inclusive na área em que Brasília foi construída. Coincidência ou não, a rodovia recebeu o nome de Lucena Roriz, pai do agora integrante do PSC.
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