Sônia Mossri |
Nas últimas semanas, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), começou a assediar líderes de diferentes partidos para que colaborem na aprovação da emenda da reeleição. Ele está de olho no governo de São Paulo em 2006. O problema é que tem mais gente no PT paulista de olho na mesma coisa. No caso, o senador Aloizio Mercadante, que tem se mostrado um dos principais adversários da recondução dos presidentes da Câmara e do Senado. A emenda da reeleição pode até ser aprovada na Câmara, mas enfrentará uma batalha difícil no Senado. A maior parte do PMDB, PFL, PT e PSDB torce o nariz para a emenda. Publicidade
No Senado, Mercadante não é o único contrário à medida. Ele fala com o também senador, e já candidato à presidência da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), várias vezes ao telefone. Pelo menos uma vez por semana, almoçam juntos. Invariavelmente, o prato principal desses almoços acaba sendo o atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), desafeto dos dois. Leia também Publicidade
Na Câmara, alguns dos mandachuvas de partidos comentam informalmente que João Paulo tem feito promessas, e muitas, na busca de votos para a aprovação da emenda. Nunca os parlamentares viajaram tanto, alfineta um petista contrário a reeleição. PublicidadeO líder do PSB, Renato Casagrande (ES), não tem dúvida de que a questão da reeleição antecipou o debate das eleições de 2006. Segundo ele, isso não ajuda em nada o governo Lula. “Esse debate não fortalece nem a Câmara nem o Senado”, observou. De acordo com Casagrande, o presidente Lula não sinalizou qualquer interferência do Planalto sobre a reeleição de João Paulo e Sarney. Para ele, se essa discussão não for bem conduzida, vai continuar atrapalhando. O deputado se refere à derrota do governo na semana passada, quando o Senado rejeitou Medida Provisória que proibia os bingos no país. Já o líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), torce para que a disputa entre Sarney e Calheiros não divida ainda mais o PMDB. Ele nega que tenha recebido de João Paulo promessas de cargos em estatais para afilhados de deputados do PMDB em troca de apoio à reeleição. Para Borba, a questão do debate da reeleição pode acabar atrasando a votação de matérias importantes, como a do projeto de lei que muda a atuação das agências reguladoras. Nas últimas semanas, assessores de João Paulo têm se dedicado quase em tempo integral ao assunto reeleição. Um interlocutor assíduo do presidente Lula afirmou que ele já manifestou em várias reuniões sua contrariedade com a reeleição. Pior: o presidente teria detestado a atitude de João Paulo de sair dizendo que Lula apóia a reeleição. “Por que o João Paulo não quer voltar a ser apenas deputado? Será que ele quer mesmo é ser presidente da República?”, comentou Lula, irritado, em conversas com seus colaboradores. |
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