O presidente Lula ganharia já no primeiro turno a disputa contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se as eleições fossem hoje, segundo os dados da nova pesquisa realizada pelo Ibope para a Confederação Nacional das Indústrias (CNI). A pesquisa, divulgada ontem, foi realizada entre os dias 8 e 11 de março, antes de o PSDB definir o governador de São Paulo como seu presidenciável.
A pesquisa CNI/Ibope ouviu 2.002 eleitores em 143 municípios brasileiros. No cenário contra Alckmin, Lula ampliou a vantagem em relação à pesquisa realizada em dezembro. Enquanto o governador de São Paulo caiu de 20% para 19%, o petista cresceu 11 pontos percentuais e passou de 32% para 43% das intenções de voto.
Concorrendo com o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), Lula venceria com 40% das intenções de voto, contra 31% do tucano. Em dezembro, Serra aparecia na frente com 37% e Lula com 31%. No segundo turno, o presidente e o prefeito estariam tecnicamente empatados, com 44% e 40% das intenções de voto, respectivamente. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos para cima e para baixo.
No levantamento de março, quando o candidato tucano é Alckmin, Garotinho aparece com 14% das intenções de votos e a senadora Heloísa Helena, com 5%. Quando apontado como candidato do PMDB, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, alcança 2% das intenções de votos na disputa com Serra, e 3% na lista com Alckmin.
Leia também
Nas simulações para o segundo turno, Lula abriu vantagem em relação ao candidato tucano. O governador Alckmin, que em dezembro aparecia empatado tecnicamente com o presidente, está agora 18 pontos percentuais atrás do petista. Lula venceria com 49% das intenções de votos contra os 31% registrados pelo adversário.
Índice de confiança em Lula e no governo também cresce
A pesquisa CNI/Ibope também observou que o índice de confiança da população no presidente Lula cresceu dez pontos de dezembro para março. O percentual de brasileiros que confiam no presidente da República cresceu de 43% para 53%.
Houve uma inversão dos percentuais de “confiança x desconfiança” no governo Lula. Na sondagem realizada em dezembro, 53% dos entrevistados diziam não acreditar em Lula, contra 43% da nova pesquisa.
O índice de aprovação do governo Lula também melhorou sensivelmente. Subiu de 29% para 38%, percentual daqueles que consideram a gestão de Lula como ótima/boa. O número de entrevistados que consideram a administração ruim ou péssima caiu de 32% para 22%. Aumentou o percentual dos que consideram o governo regular: 39% em março face a 37% da pesquisa de dezembro.
A região Sul do país é a única em que o índice de desaprovação do governo Lula superou a aprovação: 47% contra 44%. A aprovação é maior no Nordeste, com 65%. Na região Sudeste o índice é de 52% e no Norte/Centro-Oeste, o índice de aprovação é de 55%. A pesquisa constatou que a aprovação do governo ocorreu em todas as faixas sócio-econômicas.
A pesquisa, de abrangência nacional, ouviu 2.002 pessoas entre os dias 8 e 11 deste mês. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
Em campanha, Lula e Alckmin trocam ironias
Um dia após a indicação do governador Geraldo Alckmin como o candidato do PSDB à presidência da República, o presidente Lula ironizou a derrota do pré-candidato derrotado na disputa interna dos tucanos, o prefeito José Serra. “Ele foi um adversário difícil para o Serra”, disse, rindo, ao ser perguntado se considera Alckmin um adversário difícil.
Durante inauguração de obras em Sergipe, Lula voltou a dizer que ainda não decidiu se será candidato à reeleição. O petista ressaltou ainda que não teme a eventual disputa com o governador paulista. “Tenho profundo respeito e uma relação de amizade e convivência democrática com o governador Alckmin. Quem governa São Paulo pode se candidatar a qualquer outro cargo”, declarou. “Quando estiverem definidos os candidatos é que começa a disputa, e a gente vê quem está mais preparado, quem tem mais tática, mais técnica. Vamos ter de esperar.”
Alckmin também recorreu à ironia para rebater a avaliação de governistas de que ele é um candidato mais fácil de ser batido por Lula por causa de seu perfil conservador. “Vejo com enorme bom humor. Vão levar um belo susto”, afirmou Alckmin, acrescentando que não tem compromisso com imobilismo e privilégios. E reforçou: “(O susto) será no bom sentido, porque vamos chacoalhar as estruturas.”
O governador manteve as críticas ao governo, como a lentidão para realizar a reforma agrária e o crescimento “raquítico” do país, e disse que não se apresenta como “anti-Lula”. “Eu não sou o anti-ninguém, não sou anti-Lula. Eu sou pró-Brasil. Não vou fazer campanha contra ninguém. Tenho respeito pessoal pelo presidente”, disse Alckmin.
PFL busca nome para vice de Alckmin
O PFL começou as sondagens de um nome para compor a aliança com o PSDB para a sucessão presidencial. O líder pefelista no Senado, José Agripino Maia (RN), foi o primeiro parlamentar a colocar o nome à disposição. Mas, com a escolha de Geraldo Alckmin para disputar o Planalto, surgiram as primeiras resistências ao nome do senador.
Primo do senador, o líder pefelista na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), disse que o nome de Agripino Maia não é consensual no partido. Para ele, o fato do parlamentar ser do Nordeste – região onde o presidente Lula tem os maiores índices de intenção de voto – não é critério para escolher o vice do PSDB.
“Não é pelo fato de Lula estar bem no Nordeste que adotaremos o critério da escolha do vice. O nome pode ou tende a sair do Sul, porque juntando o Sudeste com o Sul nós poderemos reverter a vantagem de Lula no Nordeste”, afirmou o filho do prefeito do Rio, César Maia.
O prefeito fluminense disse nessa quarta-feira que a candidatura de Alckmin pode abrir espaços. Segundo César, nas próximas quatro ou cinco semanas, o partido vai fechar questão se indica o vice de chapa, se aposta na candidatura própria – ele próprio é um dos candidatos – ou ainda não se coliga com os tucanos e, posteriormente, buscaria a implementação de um regime parlamentarista.
Nesta quinta-feira, o prefeito se reúne com o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), no Rio, para discutir estas questões. O prefeito lembrou que ofereceu sua candidatura ao PFL em 2004, mas acredita também na possibilidade de lançamento de outros políticos como candidatos pelo partido.
Deixe um comentário