Mário Coelho
Depois de um fim de semana negando que dois policiais civis e um servidor da Câmara Legislativa do Distrito Federal haviam sido presos na Câmara Legislativa na semana passada tentando grampear deputados distritais, a Polícia Civil mudou de versão nesta segunda-feira (8). O novo diretor da corporação, Pedro Cardoso, admitiu hoje pela manhã, após cerimônia de posse, que os policiais da Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (DECO) detiveram três homens acusados de instalar grampos ambientais próximos a gabinetes de deputados de oposição ao governador José Roberto Arruda (sem partido), como mostrou com exclusividade na sexta-feira (5) o Congresso em Foco.
Durante o fim de semana, a Polícia Civil negou a prisão dos policiais Luís Henrique Ferreira e José Henrique Daris Cordeiro e de Francisco do Nascimento Monteiro. Assim como que o trio estava instalando equipamentos de escuta ambiental nos corredores próximos à liderança do PT e dos gabinetes das deputadas Jaqueline Roriz (PMN) e Erika Kokay (PT). A tentativa de abafar o caso, porém, falhou. No sábado, o ex-diretor Cléber Monteiro confirmou as prisões e acrescentou que eles foram levados a DECO para prestar depoimento. Depois, acabaram liberados.
“A detenção realmente ocorreu. Abrimos um procedimento investigatório para saber o que aconteceu”, disse hoje Pedro Cardoso. “Nós temos um inquérito na DECO por envolver policiais de outra unidade da federação. Com determinação do governador para apurar com todo rigor e rapidamente explicar para a sociedade o que aconteceu. Estou tomando posse agora, vou me inteirar dos fatos e espero apresentar informações o mais rápido possível”, afirmou Cardoso.
À tarde, na sede da Polícia Civil, ele apresentou partes do inquérito a deputados de oposição. O líder do PT, Paulo Tadeu, acompanhado pelo vice-presidente da Câmara, Cabo Patrício, e dos oposicionistas Chico Leite (PT), José Antonio Reguffe (PDT) e Jaqueline Roriz entregaram um requerimento solicitando todas as informações relativas à prisão dos envolvidos e à instalação de grampos na CLDF. “O ofício pede o inteiro teor do inquérito e esperamos ser atendidos o mais rápido possível”, afirmou o deputado Paulo Tadeu, pouco depois da reunião.
Veja íntegra do requerimento dos deputados da oposição ao diretor da Polícia Civil
Os deputados pediram também que peritos da Polícia Civil façam uma varredura nas dependências da Câmara para procurar grampos ambientais e nos telefones. O diretor geral da PCDF concordou, porém não marcou uma data para a execução do levantamento.
Crise na polícia
O site também mostrou com exclusividade, no sábado (6), que após a prisão dos arapongas de Goiás, a Polícia Civil entrou em uma profunda crise. Isso porque Cléber Monteiro recusou-se a abafar o caso, já que o mandante, de acordo com fontes do Congresso em Foco, foi Fábio Simão, ex-chefe de gabinete do governador. O caso chegou aos ouvidos do Executivo. Imediatamente, foi dada a ordem para que o caso fosse abafado. Como os arapongas respondiam ao ex-chefe de gabinete de Arruda, a divulgação dos grampos se transformaria em mais uma pedra na vidraça do governador.
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