A filha do presidente Michel Temer, Maristela Temer, afirmou em depoimento à Polícia Federal, na tarde dessa quinta-feira (3), que o pai não ajudou a pagar a reforma de sua casa em 2014. De acordo com ela, a obra foi paga com o dinheiro que ganha como psicóloga, com um empréstimo da mãe, no valor de R$ 100 mil, e com dois empréstimos que ela mesma fez no banco.
O interrogatório de Maristela durou quatro horas e ocorreu numa sala da Polícia Federal, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. As informações foram publicadas pelo Jornal Nacional, que teve acesso a algumas partes do depoimento.
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Apesar de ter apontado a origem do dinheiro, a filha de Temer alegou que, como a reforma ocorreu em 2014, não tem mais todos os comprovantes dos pagamentos. O imóvel tem 350 metros quadrados. A PF investiga se o presidente lavou dinheiro de propina em obras em imóveis de familiares. Maristela estima que o custo da reforma tenha ficado entre R$ 500 mil, R$ 600 mil.
A investigação faz parte do inquérito que tramita no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) e que apura se empresas do setor portuário pagaram propina em troca de um decreto presidencial.
Também nesta semana, a PF ouviu o arquiteto Carlos Roberto Pinto. “Em junho de 2017, ao Jornal Nacional, ele disse que recebeu R$ 10 mil para dar entrada na prefeitura e cuidar da aprovação do projeto da reforma da casa, e que o pagamento foi feito por transferência bancária pela própria Maristela Temer. Ele também contou que foi contratado pela arquiteta Maria Rita Fratezi, a mulher do coronel Lima, amigo de Temer”, conforme reportagem do site G1.
Um dos fornecedores da reforma de Maristela afirmou ter recebido em dinheiro vivo pagamentos pelos produtos, todos das mãos de Maria Rita Fratezi, mulher do coronel Lima. O dinheiro das obras saiu, segundo investigadores, da JBS e de uma empresa contratada pela Engevix. Executivos da JBS afirmaram em delação que repassaram R$ 1 milhão a Temer, com intermediação do coronel, em setembro de 2014.
No entanto, Maristela disse à PF que Maria Rita Fratezi e o coronel Lima nunca foram contratados para fazer a obra nem a empresa deles, a Argeplan. De acordo com ela, Maria Rita, ajudou como amiga da família, com ajuda para pagar fornecedores e descontos junto aos prestadores de serviços.
Os investigadores sugerem ainda que o presidente recebeu, por meio do coronel João Baptista de Lima Fillho, ao menos R$ 2 milhões de propina em 2014. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, naquele ano, quando Temer foi reeleito vice-presidente, duas reformas foram feitas, em valores semelhantes, em propriedades de familiares do emedebista, da filha Maristela Temer e da sogra, Norma Tedeschi. A Polícia Federal pediu a prorrogação das investigações por mais 60 dias.
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