Lúcio Lambranho, enviado especial
Tegucigalpa (Honduras) – As ações de cooperação e projetos de empresas brasileiras com o governo hondurenho estão suspensas desde que o Brasil, assim como a maioria dos países da comunidade internacional, decidiu não reconhecer o governo de Roberto Micheleti.
O principal projeto brasileiro em Honduras é a construção de duas usinas hidreléticas na região norte do país pela empreiteira Norberto Odebrecht. As centrais energéticas de Los Llanitos e Jicatuyo, na província de Santa Bárbara, estão na fase inicial de apresentação de projetos, mas os trabalhos foram paralisados. A empreiteira brasileira resolveu retirar seu representante no país logo depois do golpe de estado por motivos de segurança.
Orçadas em 600 milhões de dólares, as duas usinas poderão gerar 240 megawatts. São obras de pequeno porte, considerando que a usina de Itaipu, por exemplo, produz um média de 12 mil megawatts. O custo poderá ser bancadado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (Bndes) e pelo Banco Centro Americano de Investimento Econômico (BCIE), além do aporte de recursos da empreiteira brasileira. Os dois bancos ainda analisam a viabilidade das duas obras para conceder os empréstimos.
Os projetos de cooperação entre Brasil e Honduras preveem a criação de bancos de leite humano e de sangue e capacitação de técnicos agrícolas hondurenhos na exportação de manga e no aproveitamento de recursos hídricos. Um outro acordo promete transferir para Honduras a experiência brasileira com o Sistema Único de Saúde (SUS).
Preparados para emergência
Segundo a Embaixada do Brasil em Honduras, cerca de 500 brasileiros vivem no país e a maioria são esposas de hondurenhos que foram estudar no Brasil. Cerca de 30 brasileiros da comunidade são jogadores de futebol. O campeonato nacional começa em agosto. “Temos também um grupo menor de missionários de várias religiões que trabalham no país”, explica Francisco Catunda, ministro conselheiro da Embaixada do Brasil em Honduras.
Além da proximidade gerada pela paixão pelo futebol, o Brasil tem uma boa imagem para o governo local e as entidades que participam da ajuda humanitária. No ínicio do ano, os brasileireos doaram 10 mil toneladas de arroz para Honduras. Ajuda serviu para amenizar as perdas que hondurenhos tiveram após a passagem da tormenta tropical 16. No ano passado, o apoio chegou na forma de medicamentos para doentes com Aids. O lote brasileiro, segundo a embaixada em Tegucigalpa, poderia ajudar os pacientes hondurenhos por até um ano.
Diante do golpe de estado, a Embaixada do Brasil em Honduras tem ficado em alerta e permanecido em contato com a comunidade de brasileiros. “Estamos preparados para atender os brasileiros caso aconteça alguma situação de emergência. Temos um banco de dados para contactar os residentes”, diz Catunda. O banco de dados, informa o conselheiro, lista 123 famílias cadastradas por correio eletrônico e mais 346 com telefones registrados no Consulado do Brasil em Honduras.
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