O presidente Lula se reuniu no final da tarde de hoje (2) com o ministro da Defesa, Waldir Pires, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, e oficiais generais. No encontro convocado pelo próprio presidente, Lula voltou a criticar o movimento de greve dos controladores de vôo, que teve início na última sexta-feira (30).
Lula disse aos seus auxiliares que o país não pode ficar refém de "movimentos irresponsáveis" como o ocorrido na última sexta-feira (30). Representantes dos controladores serão recebidos amanhã pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para apresentarem formalmente ao governo as reivindicações da categoria.
Outra reunião
Lula também se reuniu nesta noite (2) com os comandantes das Forças Armadas. O encontro se deve à intervenção direta do presidente nas negociações com os controladores de vôo na última sexta-feira, contrariando a hierarquia militar.
De acordo com fontes militares do Jornal Nacional, da Rede Globo, o presidente afirmou aos militares que o governo não tem intenção de se envolver com questões específicas da Forças Armadas. Contudo, a negociação com os controladores teria sido a única solução encontrada pelo governo.
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O encontro de Lula com os militares também contou com a presença do ministro da Defesa, Waldir Pires. (Rodolfo Torres)
Lula: controladores são irresponsáveis e crise, grave
Hoje de manhã, durante o programa de rádio Café com o Presidente, o presidente Lula avaliou que a greve dos controladores de vôo, iniciada na última sexta-feira (30), foi uma "irresponsabilidade de pessoas que têm funções que são consideradas essenciais e funções delicadas, porque estão lidando com milhares de passageiros".
Para Lula, os trabalhadores têm direito de reivindicar aumentos de salário, mas não de prejudicar "os seres humanos". Segundo o presidente, é errado deixar "pessoas sofrendo e chorando porque uma categoria se dá o direito de poder fazer isso".
Comparando a greve com as que promoveu durante o tempo em que foi dirigente sindical, Lula disse ser contra a paralisação de setores essenciais. "É importante lembrar que, quando eu era dirigente sindical, algumas empresas que entravam em greve, o setor considerado essencial na empresa a gente acordava com o dono que aquele setor não iria parar, por uma questão de responsabilidade".
Ainda durante o programa, Lula disse que buscará hoje, em reunião com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e com o comandante da Aeronáutica, Saito Juniti, encontrar uma solução definitiva para a crise aérea que começou após o acidente com o boeing da Gol em outubro do ano passado. "Hoje vou conversar com quem for preciso para que a gente tenha uma solução".
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Força Sindical pede demissão de Waldir Pires
Em nota divulgada há pouco, a Força Sindical pede a demissão do ministro da Defesa, Waldir Pires, e responsabiliza a "incompetência administrativa" da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pela crise aérea. Na avaliação da entidade, o caos instalado nos aeroportos nos últimos dias tornou "insustentável" a permanência do ministro.
A nota assinada pelo presidente da Força, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), reivindica uma solução urgente para a crise aérea, defende os controladores de vôo e destaca a disposição do governo em fazer um acordo com a categoria. (Edson Sardinha)
Confira a íntegra da nota
"Demissão do ministro da defesa
A situação do ministro da Defesa, Waldir Pires, ficou insustentável após o colapso aéreo dos últimos dias. O caos aéreo, resultado da incompetência administrativa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), causou danos irreparáveis para milhares de brasileiros e prejudicou a imagem do país no exterior.
Precisamos de uma solução urgente. Merece consideração a atitude do governo federal de propor um acordo com os controladores de vôo. Estes trabalhadores estão com os salários defasados, têm uma jornada exaustiva e estão sem um plano de carreira.
Para o benefício de toda a sociedade o governo deve completar o acordo iniciado nos últimos dias, abrir um canal permanente de negociação com os representantes da categoria, iniciar a desmilitarização do setor e a reestruturação do setor aéreo.
Paulo Pereira da Silva (Paulinho)
Presidente nacional da Força Sindical"
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