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Enquanto o chefe da Casa Civil, José Dirceu, mergulhava no inferno astral, o discreto ministro de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, assumia cada vez mais funções no Palácio do Planalto. Na prática, ele já divide com Dirceu a coordenação de governo. O caso Waldomiro Diniz só aguçou o que até então era uma discreta disputa de poder entre os dois. Não foi o único efeito do caso Waldomiro sobre Dirceu. A crise também acabou fortalecendo o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, inicialmente tido como um assessor de luxo do chefe da Casa Civil, o que esvaziou o papel de articulador de Dirceu com o Congresso. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), também passou a exercer este papel. Gushiken tornou-se o homem mais influente do Palácio do Planalto junto a Lula. Hoje, ele tomou para si a tarefa de coordenar a ação dos ministros e se transformou em uma referência segura para os líderes dos partidos aliados no Congresso. O estilo zen do secretário de Comunicação agrada mais aos parlamentares do que o do trator Dirceu. Leia também Os líderes dos partidos governistas manifestaram ao Congresso em Foco estranhar o comportamento de Dirceu, que se recolheu após a crise e deixou de procurá-los. Somente o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o líder do PMDB na casa, Renan Calheiros (AL), têm o privilégio de ouvir as confidências do ex-poderoso chefe da Casa Civil. Ao contrário de Dirceu, o ex-trotskista Gushiken avalia que o governo Lula somente vai ser bem-sucedido e conseguir outros quatro anos de mandato se a política do ministro Palocci for seguida à risca. Isso o colocou em rota de colisão com Dirceu, que faz coro às queixas do PT contra a manutenção do superávit fiscal e à queda gradual das taxas de juros. O ministro da Casa Civil é o principal crítico dentro do governo da política de Palocci. |
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