A prestação de contas da CPI dos Correios, cuja divulgação está prevista para esta quarta-feira, pode indicar que o desvio de recursos do Banco do Brasil, por meio da Visanet, para o valerioduto deve ultrapassar os R$ 10 milhões já descobertos.
“A Visanet terá mais dinheiro no esquema. O Banco do Brasil ainda vai dar samba”, afirmou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), que participa da confecção do texto em conjunto com o relator, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Em outubro, a comissão divulgou que repasses da Visanet, operadora dos cartões Visa no Brasil, para as empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza alimentaram o caixa dois montado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. O Banco do Brasil é dono de um terço da operadora e foi o responsável pelos pagamentos.
Na época dos repasses, o diretor de Marketing do banco era Henrique Pizzolato. A comissão sustenta que ele facilitou o desvio dos recursos para o valerioduto e, por isso, deve pedir o indiciamento do ex-dirigente no relatório final.
No relatório desta quarta-feira, Serraglio deve reforçar que os repasses do PT para os partidos da base aliada não se restringiram apenas ao caixa dois para pagar dívidas de campanhas, como sustentam os petistas. O deputado argumenta que os pagamentos podem ter influenciado votações na Câmara, pois ocorreram fora de períodos eleitorais. Ele observa ainda que bancadas como as do PP e do PL, partidos da base aliada, dobraram de tamanho entre 2003 e 2004.
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O relator-adjunto da comissão, Eduardo Paes (PSDB-RJ), defende que o “mensalão” existiu, embora não nos moldes como relatara o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). “(O mensalão) era uma espécie de caixa disponível para eventuais necessidades dos amigos no governo”, afirmou.
PublicidadeOs integrantes da CPI trabalham agora para identificar outros beneficiários do esquema. Para apontá-los e saber se são ligados a parlamentares, os parlamentares cruzarão dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho com informações de quebra de sigilos de Valério, em posse da comissão. A idéia é descobrir se deputados usaram nome de laranjas para sacar dinheiro nas contas do empresário.
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