Depois de atingir em cheio o PT, com a prisão do líder do governo no Senado, nos últimos dias a Operação Lava Jato chegou em grande estilo na cúpula do PMDB, ampliando a desmoralização do Congresso Nacional – instituição que é, hoje, claramente identificada pela população como um antro de corrupção. Não é por acaso que Eduardo Cunha, que já deveria estar na cadeia com seu mandato devidamente cassado, ainda é presidente da Câmara dos Deputados.
Em paralelo a essa situação, segue a novela do impeachment na Câmara dos Deputados. Enquanto o STF discutia a definição dos procedimentos, defensores do impeachment se engalfinhavam com os defensores da manutenção do governo Dilma, para ver quem governa o Brasil. Se segue Dilma, ou se ela é substituída pelo vice, Temer.
Enquanto isso, os trabalhadores e trabalhadoras de todo o país amargam o aumento vertiginoso das demissões (só nos últimos dias fecharam dois estaleiros no Rio de Janeiro), aumento dos preços e a inflação corroendo o valor dos salários, o caos na saúde, educação, transporte, corte de direitos, sem falar na violência contra as lutas sociais e o verdadeiro genocídio praticado pela polícia contra jovens pobres e negros na periferia dos grandes centros urbanos.
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Esse é o resultado do ajuste fiscal, da política econômica e social que é aplicada pelo governo do PT, com o apoio do PMDB, PSDB e toda essa corja que controla o Congresso nacional. Eles brigam entre eles para ver quem vai governar, mas estão “juntos e misturados” na hora de atacar os direitos dos trabalhadores para defender o lucro dos bancos e das grandes empresas. Não é sem razão o imenso repúdio a todos eles que se pode enxergar em todos os lados, no país inteiro.
Nós não apoiamos o impeachment justamente por isso. Não vai mudar nada. Não vai resolver nenhum dos problemas que afligem a vida dos trabalhadores e do povo pobre. Quem prestou atenção no programa para o país que Temer apresentou recentemente viu que é continuidade de aprofundamento dos ataques que já sofremos hoje. O PSDB, de Aécio, já governou o Brasil e todos sabemos que só fez atacar direitos do povo e privatizar patrimônio público.
Se fica o governo Dilma, é este caos que estamos assistindo. Se troca ela por Temer, vai ficar tudo do mesmo jeito. Na briga entre esses dois setores, governo do PT de um lado, e a oposição do PSDB/PMDB de outro, os trabalhadores não devem apoiar nem um nem outro. Precisamos colocar para fora todos eles.
Tomar as ruas para derrubar todos eles: Dilma, Cunha, Temer, Aécio…
Nós não participaremos dos atos convocados pelos setores ligados ao PSDB, para apoiar o impeachment da presidenta Dilma. Tampouco iremos às manifestações convocadas pelos setores governistas para defender a permanência do governo que aí está. Aos trabalhadores não cabe apoiar um ou outro. Precisamos lutar contra os dois.
Precisamos sim, tomar as ruas, mas é para derrubar todos eles. Não podemos aceitar a continuidade do governo do PT, e tampouco adianta trocar Dilma por Temer. Se não há outra alternativa neste momento, então que se convoquem eleições gerais no país, para presidente, senador, deputado e governador. Eleições sem financiamento de empresas, com tempo de TV igual para todos os partidos e com revogabilidade dos mandatos. Sabemos que eleições não mudam, de verdade, o país, mas pelo menos dão ao povo o direito de trocar quem quiser.
Os trabalhadores precisam intensificar e unificar os processos de mobilização que temos hoje no país. Esse é o caminho para construir uma saída para a crise do país que sirva à nossa classe: um Governo Socialista dos Trabalhadores, sem patrões e sem corruptos, que se constitua a partir de conselhos populares escolhidos pela população e que, apoiado na luta da nossa classe, mude efetivamente o nosso país. Só assim a vida dos trabalhadores e do povo pobre vai mudar.
Uma oposição apoiando o governo? Um diálogo com o MTST e com o Psol
A novidade na convocação das manifestações para defender a permanência governo, contra o impeachment, é a adesão do MTST e da direção do Psol. Dizem que isso não é apoiar o governo, pois criticam o ajuste fiscal e sua política econômica. Guilherme Boulos (do MTST) chegou a declarar à Folha (em matéria publicada no portal UOL dias atrás), que quem afirmasse questão apoiando o governo estaria fazendo “malabarismo político”. Ora, essa afirmação sim, é uma expressão de malabarismo político.
Não tem sentido falar que estão contra um ajuste fiscal e uma política econômica porque ataca os trabalhadores e, ao mesmo tempo, defender a permanência do governo que aplica esse ajuste e essa política econômica. Defender a permanência do governo da presidenta Dilma é o mesmo que defender a continuidade do ajuste e da política econômica que ela aplica.
É preciso que os companheiros rompam com as alianças que estão construindo com esses setores governistas e venham construir, com a CSP-Conlutas e o Espaço de Unidade de Ação, uma frente de luta contra o governo Dilma e contra a oposição burguesa encabeçada pelo PSDB e pelo PMDB. Vamos todos juntos exigir que a CUT e demais organizações governistas rompam com o governo para convocarmos juntos uma Greve Geral, que pare os ataques aos nossos direitos e as demissões.
Os companheiros precisam rever sua posição e sua localização política. Senão acabarão se tornando cúmplices dos ataques que este governo está e continuará promovendo contra a classe trabalhadora.
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