Eduardo Militão
O governador do Distrito Federal José Roberto Arruda pode estar com seus dias contados no DEM. Ao final de uma reunião que durou a tarde toda, a executiva nacional do DEM resolveu abrir processo disciplinar contra Arruda. Apesar do processo, a situação do governador poderia ser pior. Alguns integrantes da direção do partido, como o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), defendiam a expulsão sumária de Arruda, mas o partido resolveu abrir o processo e adiar a decisão final sobre a expulsão ou não para o dia 10. Arruda foi flagrado em vídeo recebendo dinheiro, conforme mostra o inquérito da Operação Caixa de Pandora. Ele terá oito dias para entregar a sua defesa num processo administrativo-disciplinar. Em outros dois dias, o deputado José Carlos Machado (DEM-SE) deverá concluir seu relatório sobre caso.
Ouça Demóstenes Torres criticando a posiçao do DEM
O processo será aberto formalmente hoje, quando o advogado vai notificar Arruda. O parecer de Machado será votado no dia 10 pela Executiva.
A decisão foi tomada pelo presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), depois de ouvir três parlamentares a favor da expulsão sumária de Arruda – os senadores José Agripino (RN) e Demóstenes Torres (GO) e o deputado Ronaldo Caiado (GO) – e os demais membros da Executiva, que formularam propostas alternativas. Após a sugestão de conceder prazo para o governador se manifestar, Maia decidiu apoiar a proposta.
“O presidente representa a decisão da maioria”, disse Rodrigo Maia, em entrevista ao final da reunião, na sede nacional do DEM, no 26º andar do Senado. Ele disse que o caso é “muito grave” e não vai ser postergado, sendo encerrado já no dia 10.
Irritado, Demóstenes foi um dos primeiros a deixar o encontro: “Tem que ter coragem e faltou”. Rodrigo Maia respondeu depois: “Não faltou coragem; faltou coragem para outros partidos, que nunca decidiram”.
Demóstenes reclamou do fato de a decisão de Rodrigo Maia ter sido unilateral. Mas seus dois colegas a favor da expulsão de Arruda contemporizaram. Ronaldo Caiado, que relatou uma reunião tensa, disse que é prerrogativa do presidente avocar para si a decisão. E José Agripino disse que não haveria espaço para a tese do trio porque eles não receberam apoios de ninguém.
O deputado Osório Adriano (DF), que já cedeu até uma casa para a campanha de Arruda, defendeu o governo. Citou as obras que Arruda faz na cidade. O secretário de Transportes do DF e deputado licenciado Alberto Fraga (DF) também defendeu o prazo de defesa para o governador, assim como o senador Heráclito Fortes (PI).
Vice e distrital
O processo será voltado apenas para Arruda, apesar de seu vice, Paulo Octávio, ser acusado no mesmo inquérito e de o presidente da Câmara Legislativa, o distrital Leonardo Prudente, aparecer num vídeo enfiando dinheiro nas meias. “Não tem nada contra o Paulo Octávio”, disse Heráclito.
Rodrigo Maia disse que o partido continuará criticando o mensalão do PT, apesar de os vídeos mostrarem distribuição de dinheiro para a base aliada de Arruda aprovar projetos de interesse do Buriti na Câmara Legislativa. “O DEM vai criticar o mensalão como sempre criticou. Nosso partido é diferente. Nosso partido toma decisão.”
Líder da legenda no Senado, Agripino se mostrou decepcionado com o resultado da reunião. “Eu preferia que o partido tivesse tomado outra decisão. O partido se posicionaria melhor. Você vai procrastinar uma coisa que ia ser feita hoje.”
Rodrigo Maia disse que o caso é “de difícil defesa por parte de Arruda” e considerou as denúncias “muito graves”, mas evitou falar em tendências na legenda. Disse que o DEM vai julgar as responsabilidades dos seus membros, diferentemente de outros partidos.
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