O delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno, responsável pela prisão dos petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos com R$ 1,75 milhão em hotel em São Paulo, assumiu ontem (30) que foi o responsável pelo vazamento das fotos do dinheiro que seria utilizado para a compra de um dossiê contra políticos do PSDB. De acordo com a Agência Estado, Edmilson Bruno ainda disse que na segunda-feira, em entrevista coletiva, dirá "coisas surpreendentes".
No primeiro momento, o delegado negou ter distribuído o CD com fotos com o dinheiro apreendido pela PF. De acordo com a sua versão no primeiro momento, o CD havia sumido de seu arquivo pessoal entre quinta à noite (28) e sexta de manhã (29). Ao perceber o sumiço, o delegado admitiu que fez algumas ligações para jornalistas a fim de verificar se alguém tinha o CD.
Edmilson Bruno também defendeu uma "ampla divulgação" dos dados sobre a compra do dossiê contra os candidatos tucanos. "O povo tem o direito de saber tudo", afirmou o delegado. "O erro foi não ter dado publicidade, inclusive do dinheiro apreendido, logo no começo da investigação", concluiu.
PF vai investigar
Leia também
O comando da Polícia Federal informou ontem que irá investigar se o delegado Edmilson Pereira Bruno recebeu dinheiro ou se agiu por motivação política. A polícia instaurou dois procedimentos para investigar o caso: um inquérito criminal e uma sindicância para apurar a conduta de Bruno, que, como funcionário público, tem o compromisso com o sigilo profissional.
Coordenador acusa delegado da PF de ter vazado fotos
O delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno foi acusado ontem (30) pelo coordenador-geral da campanha da reeleição do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, de ter vazado para jornalistas as fotos do dinheiro apreendido com petistas para a compra do dossiê contra políticos tucanos.
Marco Aurélio Garcia contou que o delegado entregou as fotos a jornalistas de vários meios de comunicação com a intenção de prejudicar o PT e o presidente Lula.
"A história está desmascarada. A conversa do delegado com os jornalistas foi gravada. Nós sabemos que elas mostram que ouve uma tentativa de armação política", disse Garcia a jornalistas no comitê de campanha de São Paulo.
O delegado Bruno foi quem prendeu o ex-policial Gedimar Passos e o petista Valdebran Padinha no último dia 15 em um hotel de São Paulo. O delegado foi afastado do caso logo depois.
O coordenador-geral da campanha assegurou que ao entregar as fotos do dinheiro (1,7 milhão), o delegado teria usado um palavrão para se referir ao PT e ao candidato Lula.
Segundo Marco Aurélio Garcia, o delegado teria dito aos jornalistas que faria um boletim de ocorrência atestando falsamente que o disquete com as fotos havia sido roubado.
"Nós gostaríamos de saber quais foram as razões que levaram parte da imprensa a não divulgar as circunstâncias completas em que as fotos foram obtidas", afirmou.
PF identifica casa de câmbio que negociou dólares
Reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo de ontem (30) revela que a casa de câmbio Disk Line foi quem comprou parte dos US$ 248 mil apreendidos pela Polícia Federal com o advogado Gedimar Passos e o empresário Valdebran Padilha, ambos ligados ao PT. Os dólares faziam parte do dinheiro que seria usado na compra do dossiê contra os candidatos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin.
As jornalistas Andréa Michael e Sheila D"Amorim explicam na reportagem que os dados do Banco Central repassados à PF apontam a Disk Line como sendo a empresa que adquiriu os dólares das corretoras Action e EBS, com sede em São Paulo.
"O dinheiro negociado por essas corretoras (cerca de US$ 110 mil) fazia parte de um lote de US$ 15 milhões comprado pelo banco Sofisa junto ao Commerzbank de Frankfurt, no dia 15 de agosto", afirmam as jornalista.
Com escritórios em São Paulo e Rio, a Disk Line é do doleiro Marco Antônio Cursini, velho conhecido da Polícia Federal e de procuradores que investigam lavagem de dinheiro.Em entrevista a revista Veja, o doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, chegou a dizer que Cursini lhe contara que havia feito remessas de dólares para o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, em 1993. Bastos negou que tenha enviado dólares ilegalmente ao exterior.
De acordo com o jornal, o doleiro responde a um processo na Justiça Federal no Paraná por lavagem de dinheiro e remessa ilegal de divisas. "A CPI do Banestado descobriu que ele fez remessas ilegais a partir de Foz de Iguaçu (PR) e identificou uma conta dele no Merchants Bank de Nova York.A Força Tarefa CC5, grupo composto por procuradores e policiais federais, bloqueou US$ 381.187,91 que Cursini tinha em nome da empresa Goldrate no Merchants".
Deixe um comentário