Nem mesmo o esforço concentrado dos parlamentares para votar a chamada agenda positiva foi suficiente para melhorar a imagem do Congresso Nacional perante os brasileiros, segundo levantamento realizado pelo próprio Senado. Uma pesquisa realizada pelo DataSenado pela internet revela que 40,9% dos internautas consideraram péssima a atuação de deputados e senadores diante das manifestações. Para 24,4%, a reação dos parlamentares foi ruim. O DataSenado entrevistou 9.064 pessoas. Durante os protestos, a Câmara e o Senado aprovaram, em alguma instância, de maneira intensa, uma série de propostas de apelo popular, como o fim do voto secreto para cassações e a punição para empresas corruptoras. A maioria das proposições aprovadas, porém, não chegou a virar lei, e ainda aguarda a análise dos congressistas.
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A atuação do Parlamento foi considerada ótima por apenas 0,7% dos entrevistados. Somente 4,8% avaliaram como boa a resposta dos parlamentares às manifestações das ruas. Quase todos os internautas ouvidos disseram ter aprovado as manifestações (93,4%), embora mais da metade deles não tenha participado dos protestos. Ainda assim, sete em cada dez entrevistados disseram não estar satisfeitos com a situação do país.
As pessoas ouvidas pelo Senado também se mostraram céticas: um quarto acredita que não haverá mudanças após a onda de manifestações. Porém, mais da metade acha que os protestos contribuirão para tornar o país melhor. No entanto, caso as coisas não mudem, três quartos dos internautas prometem voltar para as ruas.
A maioria deles considera que as manifestações foram causadas por deficiências nos serviços de saúde e educação (85%) e como forma de combater a corrupção (84,2%). Os internautas também elegeram como motivos o excesso de impostos (72,3%), os altos gastos com a Copa do Mundo (67,3%), o aumento da criminalidade (64,4%), as tarifas elevadas de transporte público (63%) e a cura gay (17,3%).
Na pesquisa estimulada, as pessoas indicaram que as prioridades devem ser o controle dos gastos públicos com os investimentos para a Copa do Mundo, a alteração da lei penal para que as práticas de homicídio sejam classificadas como hediondas e a exigência de “ficha limpa” para ocupantes de cargos públicos.
Apresentado como prioridade pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o projeto para custear o Passe Livre estudantil com royalties do petróleo ainda não conta com o mesmo entusiasmo dos internautas. Menos da metade deles é a favor da proposta e um quarto é contra. Em relação à proposta do governo para que médicos estrangeiros atuem no país, metade das pessoas é contra e 32,8% é a favor. Já o projeto que torna corrupção crime hediondo deverá diminuir ou ficar no mesmo nível atual, segundo os participantes.
Sem violência
A maioria dos participantes da pesquisa rejeita os atos de violência praticados pela polícia contra manifestantes pacíficos. No entanto, 40,5% acham que as corporações agiram de forma adequada contra atos de vandalismo que aconteceram em algumas passeatas e 78,1% disseram que atos de destruição contra o patrimônio público nunca são justificáveis.
A pesquisa nacional foi aplicada durante o mês de julho, investigando assuntos debatidos no Parlamento e reivindicações apresentadas nas manifestações de rua. Dos nove mil internautas que responderam à pesquisa, 70,6% são homens, 82,6% são usuários de redes sociais, 59,1% têm ensino superior ou pós-graduação e 49,5% moram na região sudeste do país.
Segundo o Senado, como o levantamento foi feito pela internet, o universo pesquisado não pode ser considerado representativo da população brasileira, mas “registro significativo” do sentimento do grupo de usuários de internet e redes sociais.
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