Uma pesquisa do Datafolha divulgada hoje pelo jornal Folha de S. Paulo revela, pela primeira vez, que o presidente Lula (PT) perderia a eleição se tivesse de enfrentar no segundo turno o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB). Nessa hipótese, ele seria derrotado por ampla margem: 48% contra 39%, ou seja, uma diferença de nove pontos percentuais.

A pesquisa, que ouviu 2.551 pessoas no Distrito Federal e em todos os estados brasileiros, foi realizada na última quarta-feira – antes, portanto, do bombástico depoimento dado ontem pelo publicitário Duda Mendonça à CPI dos Correios.

De acordo com o levantamento, Serra (27%) e Lula (30%) teriam empate técnico no primeiro turno. O prefeito tucano foi o único candidato que apareceu à frente do presidente da República no segundo turno.

Lula venceria o governador paulista Geraldo Alckmin (45% a 35%), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (45% a 36%), ambos também do PSDB; e o ex-governador fluminense Anthony Garotinho (46% a 32%). Na pesquisa anterior do Datafolha, feita em 21 de julho, Lula apareceu à frente de José Serra (45% contra 41%).

Perguntados se Lula deveria tentar um novo mandato ano que vem, os entrevistados dividiram-se: 50% responderam positivamente, enquanto 46% acham que ele não deve disputar a reeleição.

Avaliação do governo

Os números demonstram nova queda na avaliação do governo Lula. Apenas 31% das pessoas ouvidas consideram sua administração boa ou ótima. O índice, que aponta um declínio de quatro pontos em relação ao levantamento feito 20 dias antes, representa a pior avaliação de Lula desde o começo do seu mandato.

Aumentou de 23% para 26% a porcentagem dos que consideram o governo Lula ruim ou péssimo. Teve pouca oscilação (de 40% para 41%) o índice dos que avaliam como regular a sua administração. A nota média atribuída ao presidente, numa escala de zero a dez, caiu de 5,8 para 5,6.

A grande maioria dos entrevistados (63%) disse ao Datafolha que não vê razões para a abertura de um processo de impeachment contra o presidente da República. Mas já é expressivo o percentual daqueles que defendem o afastamento de Lula (29%).

Nada menos que 83% acreditam que há corrupção no governo federal. No levantamento anterior, esse percentual ficou em 78%. Em março de 2004, apenas 32% acreditavam na existência de corrupção na administração comandada pelo petista. Para somente 29%, no entanto, Lula tem muita responsabilidade pelos casos de corrupção.

Congresso em baixa

O Congresso Nacional, responsável pela investigação das irregularidades no governo Lula e que tem a prerrogativa constitucional de abrir e julgar um eventual processo de impeachment, obteve na pesquisa sua pior avaliação desde 1993.

O desempenho dos parlamentares federais foi considerado ruim ou péssimo por 48% dos entrevistados; regular, por 35%; e ótimo ou bom, por somente 12% das pessoas consultadas.