“Ele prefere ficar com a sua história construída na rua”, enfatizou o ministro, em declaração à imprensa após reunião com Dilma na tarde desta segunda-feira (14). A petista, por sua vez,
De acordo com informações de bastidor, a presidente aceitou a sugestão de alguns ministros e cogita dar uma pasta ao ex-presidente para evitar – em razão do foro privilegiado que o cargo confere ao titular – que ele possa ser preso na Operação Lava Jato por decisão do juiz Sérgio Moro. Assim como parlamentares e outras autoridades federais, ministros só podem ser investigados com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Com os rumores sobre a nomeação de Lula, a oposição logo afirmou que recorrerá à Justiça caso o ex-presidente assuma qualquer ministério. Entretanto, Lula afirmou que não cogita a possibilidade. Jaques Wagner admitiu, inclusive, que a proposta pode pesar negativamente para o político, e que Lula estaria “constrangido” com a hipótese. Uma das pastas cogitadas para o ex-presidente foi a própria Casa Civil, ora ocupada por Wagner.
Balanço
O ministro informou que, no balanço feito pela equipe do governo federal sobre as manifestações realizadas ontem (domingo, 13), há um reconhecimento do vigor conquistado pelos movimentos de rua. Entretanto, Wagner afirma que o “envolvimento de federações e empresas” pode ter “patrocinado” a ida dos militantes às ruas. De acordo com ele, na avaliação do Palácio do Planalto, apesar de o número de manifestantes ter aumentado, é a crise econômica que sustenta o “mau humor” da população e incentiva os protestos.
“Essa [manifestação] daqui tem uma agenda que eu considero sempre negativa porquê ela não tem proposição, ela tem um ‘tira fulana’ e isso não vai resolver o problema do Brasil. Eu continuo dizendo que impeachment não é remédio nem para impopularidade da presidente, nem para crise econômica”, disse Jaques Wagner. O ministro acrescentou ainda que não existe nenhum caso de corrupção vinculado à presidente Dilma, único fator que explicaria a instalação do processo de impeachment. Mesmo assim, admitiu que o aumento do número de pessoas nas ruas “deve ter animado a oposição”.
“Insisto que não tem nenhum crime de responsabilidade fiscal atribuído à presidente. O processo está sendo mais político, e acho que esse é o pior remédio, porquê isso vai paralisar o Brasil por mais 120 dias, e aí perdemos mais um ano”, avaliou. Jaques disse também que acredita que o governo “tem tudo para barrar o processo ainda na Câmara”.
O chefe da Casa Civil adiantou que em março o ministro do Fazenda, Nelson Barbosa, vai apresentar novas propostas de recuperação do setor econômico do Brasil, sem detalhar quais seriam as ideias para projetar a melhora do cenário brasileiro. Jaques Wagner também criticou a falta de “maturidade” do Brasil quanto às relações público-privadas. Para ele, com transparência, esse contato pode ser “muito bem vindo”, e é preciso “tomar cuidado para não aniquilar as empresas por conta da vontade que elas paguem” valores aos projetos do governo.
“No mundo inteiro é assim, as pessoas fazem os acordos, pagam as multas e continuam funcionando. Espero que o Brasil chegue nesse ponto de maturidade”, disse citando exemplo de países que utilizam o sistema.
Wagner também ponderou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito do impeachment pode sair esta semana. De acordo com ele, ministros e lideranças políticas já estão se reunindo para cuidar da “montagem da comissão” que vai analisar o processo na Câmara. Mesmo assim, o ministro diz ter “tranquilidade para dizer que o governo tem tudo para barrar o processo”.
Convenção do PMDB
Sobre a convenção nacional do PMDB, realizada no último sábado (12) em Brasília, Wagner se limitou a dizer que “cada um vai ler do jeito que quiser” a decisão proferida pelo partido ao fim do encontro, onde peemedebistas fizeram um acordo com o presidente nacional da legenda, Michel Temer, reconduzido ao cargo por mais dois anos, para que o rompimento com Dilma seja decidido pela direção nacional daqui a 30 dias.
“Eu leio que o PMDB decidiu ficar com o governo. Vamos esperar os 30 dias”, disse.
Sobre a possível nomeação do deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) ao Ministério da Aviação Civil, o chefe da Casa Civil admitiu que “por ele”, o parlamentar “assume até amanhã”. Wagner afirmou que o secretário de governo, Ricardo Berzoini, está conversando com o congressista para decidir se ele vai compor o quadro do governo ou não.
Ex-ministro do governo Lula, o 1º secretário do PMDB, Geddel Vieira Lima, pregou o rompimento imediato com Dilma durante encontro da legenda. O ex-deputado leu uma moção que pede a saída de todos os peemedebistas que ocupam cargos no Executivo federal e insistiu para que nenhum novo cargo fosse direcionado ao PMDB. Mauro Lopes disse que vai insistir em fazer parte do governo, e afirmou estar disposto a contestar a decisão da convenção nacional do partido.
“Nós temos responsabilidade com o país, temos o vice-presidente da República e elegemos a presidente Dilma. Devemos ficar no governo porque somos o partido da governabilidade”, disse o deputado, que é o secretário-geral da sigla, o segundo cargo mais importante.
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