A confissão do motorista Roberto Jefferson Marques, ex-funcionário do gabinete do senador Romero Jucá (PMDB-RR), de que sacou R$ 50 mil no Banco Rural em 2004, de uma das contas operadas pelo empresário Marcos Valério, poderá levar o parlamentar a ser investigado formalmente pela CPI dos Correios.
Em conversa com um amigo gravada em fita cassete, Roberto Marques, conhecido como Xuxa, conta que recebeu ordem de Jucá para ir à agência do banco, localizada em um shoppping de Brasília, buscar o dinheiro. Quando o escândalo do mensalão foi denunciado, o motorista foi demitido do gabinete do senador e readmitido como funcionário da prefeitura de Boa Vista, comandada por Tereza Jucá, mulher do parlamentar. As suspeitas, até agora, estavam concentradas sobre o homônimo, amigo e assessor do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
As revelações foram feitas em reportagem publicada ontem pelo Correio Braziliense. Com base nela, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), um dos sub-relatores da CPI, vai requisitar à Polícia Federal a cópia da fita acompanhada de laudo pericial confirmando a identidade de Marques. “Ficou muito difícil para o senador. Este fato é muito grave e forte”, disse Fruet.
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Procurado pelo Correio, o gabinete do senador Romero Jucá em Brasília confirmou que Roberto Jefferson Marques foi nomeado assistente parlamentar em março de 2004 para exercer a função de motorista do gabinete de apoio de Jucá em Boa Vista, e exonerado em abril de 2005. Mas, em nota, o gabinete acrescenta: “O senador Romero Jucá repudia a acusação e afirma, veementemente, que não teve ou tem envolvimento de qualquer espécie com o Banco Rural ou com os saques atribuídos ao esquema chamado valerioduto”.
Para Fruet, a nova denúncia é argumento suficiente para que as investigações da comissão sejam prorrogadas. “Se conseguirmos prorrogar o prazo da CPI, será imprescindível convocar o senador para depor”, argumentou Fruet. O tucano lamenta que até hoje a comissão não tenha identificado todos os sacadores de recursos de contas de Marcos Valério. Ele acredita que a lista de beneficiários do dinheiro do empresário mineiro pode ser ainda maior do que a comissão identificou até agora.
A identificação de mais um sacador do valerioduto e a notícia publicada neste fim de semana pela revista Veja de que o mensalão atingiria 55 dos 81 deputados federais peemedebistas, são também motivos usados pelo sub-relator para defender a prorrogação dos trabalhos da CPI.
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