A CPI dos Correios descobriu que uma das empresas do vice-governador de Minas, Clésio Soares de Andrade (PL), depositou R$ 200 mil na conta da CEP Comunicação e Estratégia Política, empresa de marketing político do publicitário Duda Mendonça, marqueteiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2002. Segundo O Estado de S. Paulo, as duas pontas da transação apresentam versões conflitantes para justificar as operações.
De acordo com o repórter Diego Escosteguy, os técnicos da CPI rastrearam até agora duas transferências. Ambas partiram da Pampulha Transportes Ltda, empresa de Clésio que opera linhas de ônibus em Belo Horizonte, capital administrada por Fernando Pimentel (PT). Por meio da mesma CEP, Duda produziu a campanha à reeleição de Pimentel em 2004.
Os dois depósitos, ambos no valor de R$ 100 mil, foram feitos em 2003, quando a CEP também detinha contrato com o Diretório Nacional do PT. Os extratos bancários em poder da CPI mostram que o primeiro deles aconteceu em 28 de julho, por meio de uma transferência eletrônica direta (TED). O segundo depósito, também via TED, foi feito exatos três meses depois, no dia 28 de outubro.
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Tales Castelo Branco, advogado de Duda, afirmou que os depósitos referiam-se a uma pesquisa de diagnóstico de natureza política prestada pela empresa de Duda ao vice-governador, mas não deu mais detalhes sobre o contrato. “Foram serviços para o Clésio como pessoa física, mas que ele pagou por essa empresa (Pampulha Transportes)”, garantiu.
Clésio, que é presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), confirmou ter pago por uma pesquisa, mas as semelhanças entre as justificativas param por aí, observa o Estadão. “A empresa Pampulha Transportes pagou à empresa CEP Comunicação a importância de R$ 200 mil por serviços prestados de pesquisa e levantamento de informações de mercado, afirmou Clésio, por meio de nota. Esclareço ainda que tais serviços se deram em função do interesse da Pampulha Transportes em ingressar no setor de turismo.”
Ele também mostrou notas fiscais emitidas pela CEP para a Pampulha Transportes, mas elas não especificam se a pesquisa realmente tinha como objeto o setor de turismo.
PublicidadeAs transferências chamaram a atenção dos peritos porque a CEP é uma empresa de marketing político e, aparentemente, não teria por que receber recursos de uma empresa de transportes. Agora, os técnicos vão sugerir aos parlamentares que requisitem à Pampulha e ao marqueteiro os documentos sobre o contrato da pesquisa.
O vice do governador Aécio Neves (PSDB) já é investigado pela CPI no caso do financiamento de caixa dois do empresário Marcos Valério de Souza ao PSDB mineiro nas eleições de 1998. O presidente da CNT nega, mas Marcos Valério afirmou à CPI que Clésio o procurou para que ele tomasse um empréstimo no Banco Rural, suposta fonte de recursos para os tucanos de Minas naquela eleição. O vice-governador foi sócio de Valério na agência DNA, mas deixou a empresa em 1998.
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