O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse hoje (23) que apenas uma profunda intervenção no sistema eleitoral brasileiro pode mudar a atual situação do Congresso Nacional – que, em meio a sucessivas denúncias, tanto no Senado quanto na Câmara, “não representa mais nada” e estaria “bambo”.
"Nosso sistema de representação está bambo, não representa mais nada. Isso é visível, provoca um efeito de desmoralização extraordinário", disse o cacique tucano, em palestra realizada nesta segunda-feira na Associação Comercial de São Paulo, segundo a Agência Reuters.
FHC disse que o eleitor não é adequadamente representado no Congresso – o que, em sua opinião, exige a criação de um instrumento de prestação de contas dos parlamentares ante à sociedade. "Nosso sistema eleitoral é ruim. Se não mudarmos vamos ter a repetição de Congressos do mesmo tipo. A relação de quem vota e de quem é votado é tênue. Quem é votado se sente à vontade para não prestar contas", emendou.
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Casas no alvo
Não é de hoje que escândalos acometem as duas Casas legislativas. Na Câmara, a denúncia da vez é o uso irregular de verba indenizatória por parte do deputado Edmar Moreira (DEM-MG), que teria utilizado o benefício para custear gastos particulares com segurança – ele que é dono de uma empresa do setor, além do famigerado castelo em Minas Gerais (leia mais). Levantamento exclusivo feito no início de fevereiro pelo Congresso em Foco mostra que Edmar é o campeão de gastos com segurança particular entre todos os parlamentares que assumiram mandato desde o início desta legislatura.
No Senado, atualmente, a situação é pior: já são seis graves escândalos que abalam a Alta Casa neste ano, em menos de três meses. A série de denúncias começou com a não declaração à Receita Federal, por parte do ex-diretor-geral Agaciel Maia, de uma mansão milionária em bairro nobre de Brasília, o que levou a seu afastamento. Em seguida, foram revelados o pagamento de horas extras a mais de três mil servidores em pleno recesso parlamentar e o caso de João Carlos Zogbi. O uso de seguranças do Senado, por parte de Sarney, para segurança particular no Maranhão e a denúncia de "nepotismo terceirizado" também ganharam destaque.
PublicidadeO constrangimento dos senadores aumentou no último dia 16, quando o Congresso em Foco mostrou com exclusividade o uso de passagens aéreas da cota de Roseana Sarney (PMDB-MA), paga com dinheiro público, para transportar amigos, parentes e empresários maranhenses ligados à líder do governo no Congresso. (Fábio Góis)
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