O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), subiu há pouco à tribuna do plenário para fazer duras críticas ao que considera uma “cortina de fumaça” na Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, que investiga suspeita de repasse ilegal de dinheiro para PSDB, DEM, PPS, PSB, PDT e PP. O tucano apresentou requerimento de convocação do ministro petista Tarso Genro (Justiça) e do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, com o objetivo de obter esclarecimentos sobre o assunto.
Ontem (30), o PT foi excluído do inquérito, o que levou oposicionistas a considerar a intervenção de Tarso Genro, a quem a PF está subordinada.
“Fiquei muito preocupado com a forma como foi feita essa operação. Estranhei muito o fato de o senador José Agripino ter vindo à tribuna e ter provado que havia recebido uma doação legal dessa empreiteira Camargo Corrêa e, ainda assim, os vazamentos da PF denotando uma preocupação política descabida, imperdoável, insinuando que vossa excelência estaria do rol dos que tenham feito supostamente caixa dois”, disse Virgílio, para quem o caso pode dar força à prática, uma vez que inibiria as empresas a fazer doações de campanha.
O senador tucano, que vê a “criminalização das doações legais” por parte da ação da PF, disse ter estranhado a exclusão do PT “de qualquer suspeita”. “Me parece, claramente, que jogaram uma cortina de fumaça, cometendo o crime político de criminalizar doações legais de campanha e, ao mesmo tempo, procurando evitar que alguém se aprofundasse nisso que hoje é uma preocupação nossa, da bancada do PSDB”, discursou.
Ao fim do pronunciamento, que recebeu seguidos apartes de apoio, Virgílio protocolou o requerimento de convocação de Tarso e Corrêa, pedindo esclarecimentos sobre a operação. “São correntes os indícios de que as ilegalidades que caracterizam a atuação da empreiteira Camargo Corrêa estão amplamente ligados às obras do Governo Federal, e não em relação aos partidos políticos que fazem oposição”, diz trecho da justificativa.
Segundo Virgílio, o período de crise por que passa o Senado é ensejo adequado para a convocação. “É bom que esta Casa decida de uma vez por todas se quer ser uma Casa independente e soberana ou não.”
Apoio
Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), os senadores deveriam promover a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar os supostos abusos da PF na operação. Já para o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), a PF deveria recorrer a órgãos competentes antes de excluir o PT do inquérito.
“Uma investigação sobre obras públicas de uma grande empresa brasileira basta recorrer ao Tribunal de Contas da União e não pode excluir o PT. O PT e o PAC, que é o nome da ação que o PT desenvolve do ponto de vista de obra pública no sentido mais geral, estão lá rigorosamente nas investigações do TCU”, sustentou Guerra. Além do PT, PTB e PV também foram excluídos das investigações, embora tenham recebido doações da Camargo Corrêa.
Os senadores criticaram ainda os supostos excessos na divulgação das informações sobre a operação. “A habilidade foi tão grande na divulgação! Divulgação proibida, divulgação que merece o respeito em função dos nomes que merecem credibilidade desta Nação e deste Congresso Nacional”, exclamou Mário Couto (PSDB-PA).
Mais cedo, o diretor-geral da PF negou o caráter político da operação e atribuiu ao juiz Fausto de Sanctis (6ª Vara Criminal Federal de São Paulo), responsável pelo mandado de prisão dos diretores da empreiteira, a “publicidade” dos trabalhos investigativos. “A Polícia Federal não praticou nenhum ato motivado por questões partidárias ou políticas”, disse Luiz Fernando Corrêa.
De Sanctis está em viagem aos Estados Unidos, a convite do governo norte-americano, e não comentou as declarações. Ele retorna ao país na próxima semana.
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