Edson Sardinha
Cinco brasileiros que sofreram ataque de um grupo quilombola no noroeste do Suriname chegaram por volta das 21h30 (horário de Brasília) a Belém, trazidos num avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Autoridades do Brasil e do Suriname estiveram hoje (27) na localidade de Albina, onde um confronto entre surinameses e brasileiros destruiu o vilarejo, ocupado também por chineses e peruanos, no último dia 24.
O embaixador do Brasil no Suriname, José Luiz Machado e Costa, diz que as informações sobre o número de feridos são desencontradas. Segundo ele, não há registro de mortos brasileiros até o momento.
Veja as imagens da cidade destruída (crédito: Radio Katolica FM)
O Ministério das Relações Exteriores encontrou mais nove brasileiros feridos pelo ataque de Albina na cidade de Saint-Laurent-du-Maroni, na Guiana Francesa. Entre eles, uma mulher grávida que perdeu o bebê após o ataque, informa a Agência Brasil.
Relatos extra-oficiais apontam sete mortos e cerca de 80 feridos, além de 20 mulheres violentadas sexualmente, no ataque ocorrido na última quinta-feira.
Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou de Brasília esta manhã com direção ao Suriname, com dois integrantes do Itamaraty a bordo. Segundo o missionário José Vergílio, que dirige a Rádio Katolica do Suriname, há pelo menos sete mortos. O padre contou em entrevista à Globo News que o ataque teria sido uma vingança pela morte de um morador da comunidade de Albina por um brasileiro. A cidade é o principal ponto de fronteira com a Guiana Francesa.
Ainda segundo informações extra-oficiais, as vítimas foram golpeadas por paus e facões. Diversos pontos da cidade foram incendiados.
De acordo com o padre José Vergílio, a briga começou quando um morador local morreu após ser esfaqueado, durante uma briga, por um brasileiro. Os dois participavam de uma festa, no dia 24, com mais de mil pessoas. Os brasileiros que vivem na região trabalham no garimpo.
“Esses descendentes de quilombola se acham praticamente os donos do lugar, então, ao que parece, tentaram se impor aos brasileiros que estavam por ali. Eles não gostam de quem os desafia. O próprio governo do Suriname tem dificuldade para estabelecer a lei na região”, disse à Folha de S. Paulo o embaixador do Brasil no Suriname, José Luiz Machado e Costa.
José Luiz disse que o Itamaraty prestará todo apoio aos brasileiros, mas admitiu que a situação irregular de muitos deles dificulta a relação com os nativos. “A convivência sempre foi de harmonia. Porém, alguns brasileiros não pagam impostos, estão em situação irregular, e isso gera às vezes alguma tensão. Eles são vistos como pessoas que usufruem dos serviços públicos sem pagar nada por eles”, afirmou o embaixador à Folha. O garimpo de ouro, especialmente quando se usa mercúrio, também é ilegal no país, acrescentou.
Os ministros da Defesa, da Justiça, e das Relações Exteriores do Suriname foram à TV na sexta-feira à noite para pedir desculpa aos brasileiros residentes no país. Eles prometeram fazer de tudo para garantir a convivência pacífica entre os dois povos.
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