O novo ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB-PE), vai começar a negociação da CPMF no Senado, cuidando da rebelião em seu partido. Ontem (22), os petebistas deixaram o Bloco de Apoio ao Governo, embora permaneçam na base. No início da noite de hoje (23), Múcio disse no Palácio do Planalto que o presidente quer que ele continue o trabalho de Walfrido Mares Guia, que deixou o cargo após ser denunciado no escândalo do mensalão mineiro.
“Primeiro tem que cuidar de casa para poder sair para a rua. Conversamos com os senadores do PTB, com o presidente do PTB, Roberto Jefferson. Procurei alguns senadores, temos uma conversa marcada para a próxima terça-feira, um jantar com a bancada do PTB”, disse o ministro. Jefferson tem apoiado a derrubada da CPMF.
Múcio tem procurado o restante da base. “Conversamos com quase todos os líderes do Senado que integram a base do governo…Telefonamos para alguns senadores e deputados. O jogo está sendo jogado, e jogado bem.”
Ele disse que está disposto a enfrentar as resistências à CPMF no PMDB, o principal partido da base aliada na Casa. “Enquanto houver espaço para conversar mesmo com quem tem posições firmadas contra, vamos tentar convencer. Isso se trata de votar a CPMF pelo País, seja qual o governo que estiver nesse Palácio”, defendeu Múcio.
O ministro reconheceu que o DEM tem uma posição “mais firmada” contra a renovação do tributo. Mas Múcio contou ter sido insistente até com a oposição nesta sexta-feira. “Nem por isso eu deixei de procurá-los. Liguei hoje para o senador José Agripino [líder do DEM], para falar sobre as minhas novas funções. Ele disse: ‘Minha posição você conhece’. Eu disse: ‘Mas isso não significa dizer que nós não podemos conversar’. Podemos sentar e conversar de maneira diferente, sem ser se forma ácida.”
Desprezo
O novo ministro desprezou as previsões da oposição segundo as quais, hoje, o governo não ganharia a votação da CPMF no plenário do Senado: “Você já foi a algum jogo em que o técnico, antes do jogo, diz que vai perder?”
Múcio criticou as declarações do ex-presidente Fernando Henrique, que disse que o presidente Lula não se preocupa com a educação, “inclusive a própria educação dele". “Conhecendo a biografia de Fernando Henrique Cardoso, e o tenho na conta de um homem elegante, não acho uma declaração parecida com a sua história, nem que engrandece o grande número de brasileiros que o admiram”, rebateu o novo ministro. (Eduardo Militão)