O quer era para ser uma acareação acabou virando palco para acusações e ofensas. Assim segue, por mais de três horas na CPI dos Bingos, a sessão com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o advogado Rogério Tadeu Buratti, o ex-diretor de marketing da GTech Marcelo Rovai, o ex-advogado da GTech Enrico Gianelli e Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil.
Buratti, que foi assessor da prefeitura de Ribeirão Preto (SP), afirmou que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sabia da suposta oferta que havia recebido por executivos da GTech para facilitar a renovação do contrato de loteria com a Caixa Econômica Federal. Palocci era na época prefeito do município.
Segundo Buratti, a proposta variava entre R$ 500 mil e R$ 16 milhões, dependendo do contrato. Os recursos teriam sido ofertados com o objetivo de engordar o caixa dois do PT. O ex-assessor de Palocci disse que recebeu a proposta de propina de Marcelo Rovai para interferir nas negociações da renovação do contrato da Gtech com a Caixa. Rovai negou a acusação.
Por cerca de uma hora, os integrantes assistiram, sem quase nenhuma intervenção, aos depoentes trocarem farpas entre si. Mas, quando o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) tomou a palavra, os ânimos se exaltaram também entre os parlamentares. Ele recomendou que a CPI comece a ouvir bingueiros, parafraseando a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem.
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“Não concordo com o senhor. O presidente Lula não está cuidando do governo dele e perdeu a oportunidade de ficar calado”, afirmou o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), que não ficou satisfeito com as declarações do petista. Nessa hora, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) fez uma afirmação ainda mais dura contra Lula. “Ele é o rei do trambique”, afirmou, retratando-se minutos depois.
A megaacareação permanece concentrada em disputas particulares. Waldomiro Diniz e Cachoeira bateram boca várias vezes durante a acareação. O ex-assessor da Casa Civil disse que o bicheiro o teria alertado sobre a utilização de seu nome por dirigentes da Gtech que tentavam renegociar com a Caixa Econômica Federal (CEF) a renovação do contrato com a CEF. Waldomiro relatou ainda que o alerta motivou seu encontro com o então presidente da Gtech, Antonio Carlos Lino Rocha, e com o então diretor da empresa, Marcelo Rovai. Aos berros, Cachoeira refutou as afirmações.
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