Fábio Góis
Quarto maior partido da Câmara, com 43 representantes, o DEM escolheu hoje (segunda, 31) ACM Neto (BA) como novo líder de bancada. Corregedor da Câmara até o ano passado, o deputado venceu Eduardo Sciarra (PR), que também estava no páreo, por uma diferença de nove votos (26 a 17). Depois da vitória, ACM discursou para os membros do partido em reunião secreta.
Do lado de fora, ACM defendeu em sua primeira declaração como líder a permanência do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, nos quadros do partido. O prefeito apoiava Sciarra para a liderança da legenda. Graças a uma disputa interna no DEM, especula-se que Kassab deixe o partido e passe a engrossar as fileiras do PMDB – hipótese que fica ainda mais factível com a vitória do grupo de ACM Neto. “Estou disposto a conversar com ele, e criar todas as condições para a permanência dele.”
A eleição de ACM Neto evidencia um racha em um partido que, no final de 2009, ficou enfraquecido com a descoberta do esquema de corrupção que teve como pivô o seu único governador à época, José Roberto Arruda. Depois da deflagração da Operação Caixa de Pandora (leia tudo sobre), que desvendou o “mensalão do Arruda”, o ex-governador foi preso e quase expulso do partido, mas se antecipou e anunciou desfiliação.
ACM Neto, apoiado pelo presidente nacional do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), pertence ao grupo alinhado ao senador Aécio Neves (MG), um dos principais nomes do PSDB – partido que faz, na condição de protagonista, a dobradinha oposicionista no Congresso, com o reforço de siglas como o PPS. Já Sciarra, que recebeu o apoio do líder predecessor, Paulo Bornhausen (SC), é do núcleo que apóia José Serra (SP), outro cacique tucano com influência nos demais partidos de oposição. Marcos Montes (MG), cuja candidatura fora lançada por Bornhausen, retirou-se da disputa em favor de Sciarra.
Com representatividade menor do que o PSDB tanto na Câmara quanto no Senado, o DEM é recorrentemente apontado como legenda-suporte dos tucanos. A atuação de coadjuvante, apontam analistas políticos, deveria dar vez à orientação de candidatura própria para eleições presidenciais, por exemplo.
O DEM, que se chamava Partido da Frente Liberal até 2006, é segundo maior partido oposicionista da nova legislatura (2011-2014) – o PSDB elegeu 53 nas eleições de outubro. Em março deste ano, a legenda promoverá eleições que definirão a executiva nacional nos próximos dois anos.
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