Diego Moraes |
O empresário Marcos Valério Fernandes confirmou à Procuradoria Geral da República que, numa operação semelhante à investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, fez um empréstimo de R$ 9 milhões ao PSDB de Minas Gerais para financiar a campanha do hoje senador Eduardo Azeredo ao governo do estado em 1998. Valério também levantou a suspeita de que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu teria participado das negociações de empréstimo no Banco Rural para o PT e afirmou que repassou R$ 15,5 milhões a Zilmar Fernandes, sócia do publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele depôs na Procuradoria Geral da República na última terça-feira na tentativa de obter garantia de que poderá ter sua pena reduzida, se condenado, caso colabore com informações cruciais para as investigações. O pedido de benefício, no entanto, foi negado. No depoimento publicado na íntegra pelo Congresso em Foco, o empresário contou que foi obrigado a pagar os R$ 9 milhões que pegou emprestado do Banco Rural em 1998, a pedido de Cláudio Silveira Mourão, responsável pelo financiamento da campanha de Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998. Leia também Apontado como operador do mensalão, Valério disse que pagou R$ 2 milhões em dinheiro ao Banco Rural e teve de quitar o restante da dívida com prestação de serviços à instituição. Por meio de sua assessoria de imprensa, o senador disse não ter conhecimento de nenhum calote, pois não teria autorizado o PSDB a firmar qualquer acordo de empréstimos com Marcos Valério. “Se não sabia de empréstimo, não poderia saber de calote”, disse a assessoria. Quanto aos cinco empréstimos feitos no Banco Rural pelo empresário em 2003 para o PT, Valério afirmou no depoimento que foi informado pelo então tesoureiro do partido Delúbio Soares que, à época da transação, o então ministro-chefe da Casa Civil, deputado José Dirceu (PT-SP), havia se reunido com dirigentes das duas instituições. No entanto, Valério não deixa claro que tipo de assunto foi tratado nos encontros de Dirceu com os diretores do banco. Os empréstimos, que totalizam cerca de R$ 30,9 milhões, seriam para pagar dívidas de campanhas contraídas pelo PT durante as eleições de 2002. Valério afirmou que deixou o dinheiro na conta da SMP&B no Banco Rural e que recebia de Delúbio os nomes das pessoas autorizadas a sacar os recursos. De acordo com Valério, o ex-tesoureiro afirmou que apenas credores de campanha e petistas endividados podiam retirar o dinheiro. Em outro ponto do depoimento, o empresário apontou Zilmar Fernandes como responsável pela indicação dos policiais civis de Minas Gerais David Rodrigues e Luiz Carlos Costa Lara como sacadores das contas de suas agências no Banco Rural. Rodrigues é o segundo maior sacador da lista entregue por Valério à Polícia Federal e à Procuradoria Geral da República: R$ 4,9 milhões nas 11 vezes em que foi ao banco. Zilmar é sócia de Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula na eleição de 2002. Em entrevista ao Jornal Nacional na noite de ontem, Duda negou o recebimento do dinheiro e disse que vai entrar com uma ação na Justiça contra Valério pelas acusações. Zilmar, no entanto, não falou ontem sobre o assunto. |
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