Mesmo sem estar presente na sessão virtual do Senado na noite de quarta (9), a única sessão da Casa agendada para esta semana, o presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi alvo de críticas por parte de colegas contrários à sua reeleição. Os debates sobre a possibilidade de recondução ao comando do Senado subiram de tom depois da apresentação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que permite a recondução dos presidentes da Câmara e do Senado.
A discussão culminou na desfiliação da senadora Rose de Freitas (ES) do Podemos. Ela encabeçou a PEC da reeleição e entrou em embate com seu grupo político, que já havia fechado questão contra essa alteração na Constituição. Insatisfeitos com a gestão de Davi, o Podemos e o grupo Muda Senado pretendem lançar candidatura independente em 2021.
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Na sessão de ontem, o senador Lasier Martins (Podemos-RS) cobrou do presidente Davi que coloque em pauta o projeto de resolução que altera o regimento interno da Casa para instituir o voto aberto para a eleição dos cargos da Mesa Diretora. O pleito interno vai ocorrer em fevereiro de 2021. Apesar de impedido pela Constituição de concorrer a um mandato consecutivo, Davi persegue a alteração através da PEC ora apresentada ou de um entendimento favorável do Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa uma ação do PTB.
Na atribulada sessão que elegeu Davi para o atual biênio, em 2 de fevereiro de 2019, o senador firmou compromisso com o fim do voto secreto nas deliberações da Casa. “No que depender da minha condução, esta será a derradeira sessão do segredismo, do conforto enganoso do voto secreto”, disse ele na ocasião.
O senador Lasier apresentou um projeto de resolução nesse sentido ainda em 2018. “Muitos senadores e a população querem isso, em nome do princípio da transparência que se espera dos representantes eleitos”, defendeu ele. Lasier integra o Muda Senado, grupo de senadores que atua em prol de pautas de combate à corrupção e em defesa da Operação Lava Jato. Apoiador de Davi no ano passado, o grupo se queixa do não cumprimento de promessas assumidas em 2019 e já admitiu que seguirá outro caminho em 2021.
Acusação de represálias
Em que pese o apoio de senadores alinhados ao governo e também de parte da oposição, a reeleição de Davi é criticada abertamente por um grupo de cerca de 20 senadores. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), um dos contrários à recondução de Davi, resgatou posicionamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso expresso em artigo no último final de semana, no qual o tucano fez uma mea culpa sobre esse instituto e admitiu que a mudança foi um erro.
Vieira afirmou que depois de ter expressado sua posição contrária à reeleição para o comando do Senado, sofreu represálias de Davi, que teria deixado de pautar seus projetos.
“Solicitei por ofício reunião com o presidente da Casa, vejam o nível do ridículo. Um senador da república solicitando, por ofício, reunião com o presidente da Casa. Sem resposta até esta data. Sem resposta. Esta é a forma de quem quer permanecer no poder a qualquer custo”, queixou-se. “Temos que acabar com a reeleição para cargos que geram tanto apego às benesses do poder.”
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