Quatro deputados da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados anunciaram nesta quarta-feira (23) que irão representar na Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e no Conselho de Ética da Casa contra os parlamentares que apoiaram os protestos de indígenas nesta terça-feira (22), contra o PL 490.
A manifestação dos indígenas foi marcada por um intenso conflito. Policiais militares usaram bombas de efeito moral para afastar os manifestantes e um policial legislativo foi ferido por uma flecha na perna. Alguns deputados de oposição ao governo estariam, segundo os deputados do governo, envolvidos na confusão. Seriam Alencar Santana Braga (PT-SP), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Reginaldo Lopes (PT-MG).
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Segundo os parlamentares bolsonaristas, a participação de deputados de esquerda manifestação dos indígenas contra o Projeto de Lei – que é votado na CCJ e dificulta a demarcação de novas terras aos povos originários do Brasil – configurou um “ataque frontal à democracia”.
“A gente conseguiu derrubar uma presidente da República sem quebrar uma vidraça sequer”, comparou a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). “Todos os protestos têm de ser pacíficos. No momento que um protesto carrega uma arma, ele deixa de ser pacífico”. Zambelli reclamou que as flechas, levadas pelos índios, não eram artesanais e eram voltadas para o ataque.
Zambelli comparou o ato desta terça-feira a um realizado em maio de 2020, por um grupo de inspiração neofascista “300 do Brasil” na porta do Supremo Tribunal Federal (STF). Para a parlamentar, o fato de aqueles manifestantes (cerca de 30) terem jogado fogos de artifício para o alto em frente à corte foi considerado um ataque à democracia – logo, por consequência, “um ataque frontal com tentativa de homicídio de policiais legislativos e servidores legislativos”.
Todos os parlamentares eram do PSL: Participaram do ato, além de Zambelli (SP), General Girão (RN), Marcelo Álvaro Antônio (MG), Major Vitor Hugo (GO) e Eduardo Bolsonaro (SP) assinaram o documento. A deputada citou o nome ainda das companheiras de bancada Aline Sleutjes (PR), Bia Kicis (DF) e Carlos Jordy (RJ), que estavam em suas comissões e não participaram do ato.
Para Major Vitor Hugo, parte dos indígenas seriam manipulados pela esquerda, e que os povos tradicionais não saberiam com clareza o que trataria o PL 490. “Se eles soubessem, com clareza, o teor do que estamos votando na CCJ neste momento, que é sua libertação econômica, eles não estariam jogando flechas, e sim influenciando que a esquerda votasse no projeto”, disse. O texto do PL 490, que conta com o apoio do governo de Jair Bolsonaro, é criticado por indígenas das mais diversas etnias. O apoio contra o PL veio de entidades ligadas aos indígenas e meio ambiente, além de influenciadores brasileiros.
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