O governo Bolsonaro deve começar a chamar aliados no Congresso, nos próximos dias, para negociar a nomeação de indicados pelos parlamentares a cargos a partir do segundo escalão nos estados. Essa é uma das cartadas do Executivo para fortalecer a base no Legislativo e facilitar a aprovação de temas como a reforma da Previdência.
O secretário da Casa Civil para a Câmara, Carlos Manato, disse ao Congresso em Foco que nomes não alinhados ao governo serão barrados. “Se tiver alguém que a gente souber que é vermelho de carteirinha, vai ser demitido ou nem vai entrar”, diz o secretário.
O governo tem feito demissões e revisto nomeações por influências externas, especialmente do escritor Olavo de Carvalho e seus seguidores nas redes sociais. Na última segunda-feira (11), o coronel Ricardo Wagner Roquetti, diretor de Programa da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação (MEC), teve a demissão confirmada junto com as de cinco outros altos funcionários do ministério. Olavo havia afirmado, no Twitter, que Roquetti trabalhava para abrir o MEC à influência de lobistas e minar a chamada “Lava Jato da Educação” anunciada pelo ministro Ricardo Vélez.
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Em outro episódio, no final de fevereiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, revogou a nomeação da pesquisadora Ilona Szabó para uma cadeira de suplente no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP). Eleitores de Bolsonaro repudiaram a nomeação no Twitter e Moro anulou o ato no dia seguinte, reconhecendo ter cedido à pressão de “alguns segmentos”.
Manato disse ao Congresso em Foco confiar que os parlamentares não levarão à Casa Civil nomes que desagradem à base bolsonarista. “Eles [coordenadores das bancadas estaduais] já não vão trazer essas pessoas para nós. Risco tem de tudo, até de um ladrão entrar. Até de um assassino entrar. Mas toda vez que a gente descobre pessoas que o tempo todo trabalharam contra a gente, que eram da turma do “ele não”, você botar essa pessoa na administração, não dá”, afirma o secretário.
Indicações técnicas
As indicações dos parlamentares serão cadastradas em sistema que o governo tem chamado de “banco de talentos”. Manato ressalta que o indicado terá que atender a critérios éticos e técnicos e que a palavra final sobre cada nomeação será do ministro responsável pela área.
Manato negou, ainda, que haja o chamado “toma-lá-da-cá” nas negociações. “O deputado [que tiver um pedido de nomeação atendido] não tem compromisso de estar votando com a gente. Não significa que vai ter que votar na reforma da Previdência, por exemplo, O que nós queremos é um diálogo”, garante.
Segundo Manato, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deve começar a conversar com os coordenadores das bancadas estaduais a partir da próxima quinta-feira (14), após voltar de viagem à Antártida. Deputados avaliam que ainda falta clareza sobre como as indicações serão feitas. “No passado tinha um critério, era fácil de você trabalhar. Hoje, ainda está meio sem direção. O governo não disse como vai ser. Vamos aguardar”, afirma o deputado Toninho Wandscheer (PROS-PR), líder da bancada paranaense.
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Qual é o problema da pessoa ter uma opinião diferente? Se ele ou ela, mesmo não concordando 100% com as posições do governo, aceita e deseja trabalhar junto, sem almejar um levante mas sim de contribuir para um Brasil melhor, por que barrar essa pessoa? Entendo se eu for acusado de ingênuo, mas eu acho lamentável essa postura do governo de reservar os cargos apenas para quem concorda com eles. E – já me antecipando – minha crítica seria igual não importa o governo. O motivo é simples: quando se tem uma discussão saudável entre duas pessoas que pensam de forma diferente, mas que querem a mesma coisa, as chances de boas ideias surgirem são melhores do que todo mundo concordando feito robô. O atual Governo não só perde uma chance de ser melhor do que seus antecessores, que faziam a mesma coisa, como deixa de ser beneficiar com a pluralidade de opiniões e a criatividade. O Governo devia ser “para todos”, não apenas para quem já concorda com ele..
Se o o indicado for incompetente e “branco” entrará?Por aí se vê quanto é oportunista esse governo.
“O indicado terá que atender a critérios éticos”, disse o secretário. Em um Governo repleto de ministros enrolados com a Justiça, a fala dele é uma brincadeira …