O aumento do desmatamento na Amazônia, comprovado por dados divulgados pelo governo nesta semana, levou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a se reunir com os governadores da Amazônia Legal nesta quarta-feira (20). Na saída da reunião, contudo, Salles disse que, apesar de ter a intenção de reduzir o desmatamento ilegal, o governo não vai estabelecer metas para isso. A falta de planejamento gerou, então, críticas de ambientalistas. O Greenpeace, por exemplo, disse que essa estratégia só vai aumentar a destruição florestal.
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Coordenador de políticos públicas do Greenpeace, Marcio Astrini argumentou que, enquanto não fixa metas para a redução do planejamento, o governo tem apresentado propostas que na verdade caminham no sentido contrário e incentivam a redução da floresta amazônica. “Enquanto o ministro do Meio Ambiente fez um discurso para enganar a plateia, no mundo real o governo trabalha para implementar medidas que poderão incrementar ainda mais o desmatamento, como a liberação do plantio de cana na Amazônia, a medida provisória de premiação da grilagem de terras, a promessa de abertura de terras indígenas para garimpo e mineração, a proibição do Ibama realizar a queima de equipamentos de criminosos ambientais e a tentativa de redução dos limites de unidades de conservação, entre outros”, reclamou Astrini.
Na saída da reunião desta quarta-feira, por exemplo, Salles admitiu que o governo estuda a edição de uma medida provisória que desenvolva uma regulamentação fundiária na Amazônia. “Propostas como a de regularização fundiária poderão premiar a grilagem de terras e incrementar ainda mais a destruição florestal”, avaliou o coordenador do Greenpeace.
Astrini ainda destacou que os alertas sobre o aumento do desmatamento na Amazônia não são novos. Em julho, por exemplo, o assunto ganhou até repercussão mundial. Por isso, adotar medidas de combate às queimadas é ainda mais urgente. “De acordo com o que foi dito hoje, fica claro que temos um governo incapaz em lidar com a atual crise do aumento do desmatamento, uma situação que ele mesmo criou”, criticou o coordenador do Greenpeace, que taxou de “vazio” o discurso de Salles desta quarta-feira. “Não foram apresentadas metas, prazos, custos e nem mecanismos de implementação”, argumentou.
Esta não é a primeira vez que o Greenpeace troca farpas com Salles. No auge das discussões sobre as queimadas da Amazônia, por exemplo, o governo criticou as atividades desempenhadas por ONGs ambientalistas como o Greenpeace. Depois disso, o Greenpeace protestou contra o vazamento de óleo que atinge as praias do Nordeste, sendo criticado pelo governo. Salles chegou a sugerir que um navio do Greenpeace poderia ter relação com o derramamento de óleo. A declaração fez com que o Greenpeace fosse à Justiça contra o ministro. Ainda não há uma decisão judicial sobre o assunto.
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