Com a formalização da sua indicação a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado-geral da União, André Mendonça, inicia o tradicional percurso de buscar apoios, de modo a conseguir ser aprovado pelo Senado Federal. Analisando-se suas possibilidades em termos da perspectiva dos parlamentares, encontram-se evidências de que se trata de um daqueles casos em que o copo está pela metade – caberá ao tempo saber se será um copo cheio ou vazio.
Na última rodada do Painel do Poder, em que os parlamentares são convidados a fazer uma avaliação de todas as autoridades federais, o ministro da Advocacia-Geral da União recebeu média 2,45, em uma escala Likert (possibilidades de atribuição de notas de 1 a 5, com ponto médio em 3). Esse desempenho o coloca na 17ª posição entre as autoridades avaliadas e na 12ª quando se consideram apenas ministros. Diante de uma Esplanada com 22 pastas ministeriais, percebe-se que o ministro fica no meio do caminho, tanto em termos de média quanto de posição.
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O Painel do Poder ouve trimestralmente 70 deputados e senadores entre os mais influentes do Congresso Nacional. Assim, a pesquisa mede perfeitamente os humores e tendências do Parlamento brasileiro.
Se André Mendonça fica no meio do caminho na comparação com seus colegas de governo federal, seu desempenho vem em uma trajetória de queda, contudo. Na rodada de pesquisa de julho de 2020, ele obteve média 2,7; na de setembro de 2020, 2,5. No período, o ministro se envolveu na defesa explícita de diversas pautas do presidente da República, o que pode ser um fator explicativo para seu desgaste.
Na rodada de pesquisa atual (julho de 2021), quando se analisa a consolidação das notas (piores notas versus melhores notas), André Mendonça reúne 57,58% de parlamentares que o avaliaram com notas 1 e 2 diante de 24,25% de congressistas que lhe atribuíram notas 4 e 5.
Em setembro de 2020, ainda ministro da Justiça e Segurança Pública, sua avaliação era polarizada (mais bem avaliado pela base, mal avaliado pela oposição). Contudo, não era uma polarização extrema – havia parlamentares da oposição que lhe atribuíam notas 3 e 4. Na rodada de julho de 2021, sua avaliação tornou-se mais polarizada, com a base mais favorável, os independentes mantendo uma dispersão significativa e a oposição concentrando suas avaliações nas piores notas.
Quando se trata de analisar sua avaliação em termos das Casas Legislativas, André Mendonça se saiu melhor, nas duas rodadas (setembro de 2020 e julho de 2021), no Senado Federal. E é o Senado que irá sabatiná-lo e aprova-lo ou não para a vaga aberta no STF com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello. O que não implica que sua vida vá ser fácil na Câmara Alta.
Na última avaliação feita agora, como Advogado-Geral da União, o conceito de André Mendonça na Câmara dos Deputados piorou. E a avaliação no Senado, apesar de ainda ser melhor do que na Câmara, tornou-se mais dispersa, o que demonstra também uma pulverização de seu apoio. O que parece significar que André Mendonça, indicado para o STF, passa a ser objetivo tanto de amores quanto de ódios mais intensos.
O ministro parece ter caído em uma armadilha: para conseguir assegurar sua indicação, fez de tudo para agradar ao presidente. Esse esforço, contudo, repercutiu mal entre os parlamentares. Se será capaz de sair dela exitoso é o que se verá nos próximos dias.
Realizada trimestralmente pelo Congresso em Foco Análise, o Painel do Poder é um importante termômetro para medir os humores e tendências do Congresso Nacional. Os deputados e senadores que respondem ao levantamento estão entre as lideranças mais influentes do Parlamento. Portanto, suas avaliações refletem o sentimento do Congresso como um todo.
Diversas questões relacionadas à pauta em discussão são abordadas na pesquisa. E a avaliação das autoridades é somente uma delas. Mesmo com relação a esse ponto, há bem mais detalhes e aprofundamentos no levantamento. Portanto, para conhecer tudo o que a pesquisa revela, é importante conhecê-la completamente. O que é possível.
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