As discrepâncias entre as regiões administrativas do Distrito Federal escancaram a desigualdade social e racial na capital do país. A maioria da população branca e de alta renda mora nas regiões mais ricas do DF, enquanto a população negra e mais pobre habita as regiões periféricas.
Enquanto no Lago Sul, região nobre de Brasília, a renda domiciliar é superior a 20 salários mínimos, a renda domiciliar no Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (SCIA) e na Estrutural, regiões mais pobres do DF, fica abaixo de dois salários mínimos. Os dados fazem parte da 5ª edição do Mapa das Desigualdades, produzido pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) a partir da última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF).
De acordo com a PDAD, 57,3% da população do DF se identificam como negros. Outros 40,9% se classificam como brancos, 1,4% como amarelos e 0,3% como indígenas. Das 33 regiões administrativas do DF, somente nove têm maioria branca. Localizado na região central de Brasília, o Plano Piloto é a região com o maior número de crimes de racismo e injúria racial, somando 81 casos nos últimos dois anos.
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SCIA e Estrutural têm a maior concentração de população negra (75,4%) e a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes (50,8). Com a segunda maior concentração de negros do DF (73%), a Fercal tem a pior infraestrutura do Distrito Federal. Somente 20% dos domicílios tem saneamento básico, apenas 61,4% tem abastecimento de água e 70% das ruas estão em péssimas condições de conservação.
“As desigualdades raciais no Distrito Federal e Entorno são conhecidamente espacializadas. Ou seja, as regiões onde há maioria de população negra são aquelas menos assistidas por infraestrutura, recursos, investimentos e também aquelas que mais sofrem repressão e violência estatal”, destaca o estudo.
O Inesc também avaliou a questão da falta de transparência nos dados do orçamento do Distrito Federal. “Em algumas áreas, as ações citadas nem sequer aparecem no orçamento do ano em vigor, o que sugere falta de prioridade governamental para a redução de desigualdades”, explica Cleo Manhas, assessora política do Instituto.
O Distrito Federal abriga atualmente a maior favela do país, o Sol Nascente, que, com 32.081 domicílios, ultrapassou a Rocinha, com suas 30.955 residências, segundo a prévia do Censo do IBGE divulgada em 17 de março.
Confira a íntegra do estudo:
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