O Solidariedade expulsou o advogado Hery Kattwinkel Júnior de seu quadro de filiados por causa de sua atuação na defesa do segundo réu envolvido nos atos golpistas de 8 de janeiro julgado pelo Supremo Tribunal Federal nessa quinta-feira (14), Thiago de Assis Mathar. Em nota, o partido alega que Henry protagonizou um “grotesco espetáculo de ataques” aos ministros do Supremo em vez de “se limitar a desempenhar as legítimas funções que se espera de um advogado”. Segundo o comando da sigla, o advogado endossou o “discurso de ódio, não raro permeado de fake news, que contaminou parte da sociedade brasileira”.
Filiado ao Solidariedade, Dr. Hery é suplente de deputado estadual em São Paulo. A atuação dele no julgamento foi classificada como “patética” e “medíocre” pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do julgamento, que lamentou que o defensor tenha se omitido do papel de defender o seu cliente para atacar os ministros e a instituição.
O advogado comparou o presídio da Papuda, onde os acusados de participar dos atos golpistas ficaram presos no Distrito Federal, ao Holocausto, genocídio dos judeus, e afirmou que Moraes atuava como acusador em vez de juiz na condução dos processos. Ele ainda chamou de “patriotas” os invasores e depredadores das sedes dos três Poderes. “Eu vejo que o ministro Alexandre de Moraes inverte o papel de julgador aqui nessa Suprema Corte. Ele passa de julgador a acusador. É um misto de raiva com rancor com pitadas de ódio quando fala dos patriotas. A cena que vi lá (na Papuda) me lembrou muito o Holocausto. Vi muitos pais de famílias de cabelos brancos, como vossas excelências, mulheres, aposentadas, como se bandidos fossem da mais alta periculosidade”, afirmou o advogado.
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O defensor ainda viralizou nas redes sociais após cometer duas gafes, ao atribuir a O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, uma citação de Maquiavel, autor de O Príncipe, e ao chamar Pôncio Pilatos de Afonso Pilatos.
“Não se alegue que o Sr. Hery Waldir Kattwinkel Júnior limitou-se a cumprir suas funções como advogado, na medida em que, ao se dedicar a proferir ataques pessoais aos Ministros do Supremo Tribunal Federal e verbalizar fake news propagada contra um dos magistrados, já há muito desmentida pela verdade dos fatos, extrapolou o seu papel como advogado, transformado a sustentação oral em um tosco e raso discurso político para agitar grupos antidemocráticos que há poucos meses conspiraram e atacaram violentamente as sedes dos Três Poderes da República, e com especial fúria o Supremo Tribunal Federal”, disse o Solidariedade em nota.
Integrante da base do governo Lula, o Solidariedade afirma, ainda na nota, que “não é o lugar para pessoas com essa categoria de pensamento e prática política” e que “quem se valer de qualquer espaço para difundir discursos de ódio para angariar apoio de movimentos que visam minar ou derrubar as instituições democráticas brasileiras definitivamente não encontrará espaço neste partido político”.
Após a participação de Hery no julgamento, circularam nas redes sociais mensagens indicando uma possível candidatura dele nas eleições do próximo ano. Essa possibilidade foi levantada pelo ministro Alexandre de Moraes, que chamou a atenção para os planos eleitorais do advogado. O cliente de Hery, Thiago de Assis Mathar, foi condenado a 14 anos de prisão.
“O advogado não analisou absolutamente nada, porque o advogado preparou um discursinho para postar nas redes sociais. Hoje os alunos que vieram ver a sessão, tiveram uma aula do que um advogado constituído não deve fazer para prejudicar o seu constituinte e fazer uma média com os patriotas E só não é mais triste porque confundiu O Príncipe, de Maquiavel, com O Pequeno Príncipe“, lamentou Alexandre de Moraes.
Veja a nota do Solidariedade:
“Após ciência dos fatos envolvendo o advogado Hery Waldir Kattwinkel Junior (membro – filiado ao partido) quando no exercício da profissão de advogado em defesa de seu cliente, réu preso nos atos de 8 de janeiro, o advogado se utilizou de falas ofensivas e desrespeitosa com a máxima Corte brasileira.
A direção municipal do Solidariedade em Votuporanga-SP, não compactua com a postura do profissional em atacar a Suprema Corte, ainda que no exercício de sua prerrogativa de defensor constituído, motivo pelo qual comunicamos a expulsão do membro e filiado ao partido.
O partido Solidariedade defende o exercício das prerrogativas de advogado, tais como: (…) Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Entendemos que a atitude do advogado ultrapassou os limites da lei.
Deliberamos pela expulsão do membro, reiterando o nosso respeito às leis brasileira, nosso compromisso com a Democracia e o respeito as instituições públicas brasileira, sendo assim, comunicamos como expulso do partido Solidariedade o sr. Hery Waldir Kattwinkel Junior”.
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