A liderança do Psol na Câmara protocolou nesta quarta-feira (13) um requerimento de convocação para que o ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) fale em plenário sobre a suspeita de fraude eleitoral, no pleito de 2018, na distribuição do fundo partidário do PSL. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, reproduzida por este site no último sábado (9), o partido criou uma “candidata laranja” para usar R$ 400 mil de verba pública no ano passado, quando Bebianno foi o presidente interino do PSL.
O Psol menciona a matéria da Folha no pedido de convocação. Líder do partido na Câmara, Ivan Valente falou sobre a iniciativa ao Congresso em Foco e avaliou a situação do ministro é complicada. “O próprio Bolsonaro e o filho dele estão acusando isso [a gravidade da situação]. Carlos Bolsonaro acaba de publicar áudio em que o Bolsonaro não quer atender o Bebbiano. Eles estão apavorados com a evolução dos fatos, porque o Ministério Público Federal, a Polícia Civil e o Ministério Público estadual de Pernambuco convocaram laranjas para depor. Colocaram o ministro numa situação difícil”, disse o deputado.
Quem está mentindo?
Bebbiano disse que falou 3 vezes com o presidente Bolsonaro sobre o caso das laranjas em Pernambuco.
Carlos Bolsonaro, filho de Jair, disse que Bebbiano não conversou com seu pai.
Presidente, Secretário da presidência e filho do presidente. Quem mente?
— Ivan Valente (@IvanValente) 13 de fevereiro de 2019
Ivan Valente se refere à postagem em que Carlos Bolsonaro escreveu, no Twitter, que Bebianno não conversou com o presidente Jair Bolsonaro, desmentindo o auxiliar do pai. Deputado federal eleito em 2018, o ministro havia negado, em entrevista ao jornal O Globo, que tenha protagonizado crise no Palácio do Planalto em decorrência da reportagem da Folha.
“Não existe crise nenhuma. Só hoje falei três vezes com o presidente”, disse Bebianno ao jornal fluminense, acrescentando que a suposta conversa foi por meio de mensagens de WhatsApp.
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“Ontem estive 24h do dia ao lado do meu pai e afirmo: ‘É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo Globo e retransmitido pelo [site] Antagonista'”, declarou Carlos por meio do Twtitter. Instantes depois, na mesma rede social, Carlos Bolsonaro postou outro conteúdo (veja abaixo) com um áudio encaminhado por Bolsonaro a Bebianno (veja abaixo).
“Gustavo, está complicado eu conversar ainda. Então não vou falar. Não vou falar com ninguém, a não ser estritamente o essencial. Estou em fase final de exames para possível baixa hoje, tá ok? Boa sorte aí”, afirma Bolsonaro no áudio.
Não há roupa suja a ser lavada! Apenas a verdade: Bolsonaro não tratou com Bebiano o assunto exposto pelo O Globo como disse que tratou: pic.twitter.com/pJ4bkvMMGj
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 13 de fevereiro de 2019
Para Ivan Valente, Bebianno não tem problemas apenas com Carlos Bolsonaro e o pai, mas também com o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE), que também se elegeu deputado e, na primeira sessão plenária do ano, foi alçado à cadeira de 2º vice-presidente da Câmara. A relação na cúpula do partido já não era boa durante a campanha presidencial, como a imprensa noticiou fartamente à época.
“Há uma crise entre ele e o Luciano Bivar pela autoria, digamos assim, da primeira ‘laranjada’ lá em Pernambuco. E agora… ele é proibido de viajar pelo Bolsonaro. E tem que prestar contas mesmo como presidente do partido. Ele está causando enorme desgaste, aqui [Congresso] para o presidente. Esse é o terceiro caso, denunciado em menos de um mês, de utilização de recursos públicos para candidatura, ou para gabinetes, ou com laranjas. Inclusive envolvendo o próprio presidente da República”, acrescentou Ivan.
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O deputado se refere à funcionária que Bolsonaro manteve empregada em seu gabinete de deputado enquanto ela morava e trabalhava no Rio de Janeiro. Preparadora física, Natália Queiroz é filha de Fabrício Queiroz, o ex-policial militar que movimentou, atipicamente, R$ 1,2 milhões por meio do gabinete de outro filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que passou a ser alvo do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Mas a ida de Bebianno à Câmara não será tão fácil, admite Ivan Valente. Para que a sessão plenária como ministro seja realizada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), precisa pautar o Requerimento e ele deve ser aprovado por maioria simples dos deputados (257 votos).
“Certamente eles vão colocar uma resistência aqui na Câmara. O Bolsonaro, aliás, já está atacando o Psol no Twitter. Um presidente da República… Em vez de o cara falar sobre a situação do Brasil, sobre as medidas de seu governo, ele vai se preocupar em tentar associar o Psol a um ato insano de uma figura que lhe deu uma facada. E que, como a Polícia Federal já provou, agiu sozinho. Um sujeito com transtorno mental”, acrescentou o deputado.
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