Por Raul Jungmann*
Enquanto prosperam tensões geopolíticas e escalam as preocupações com as mudanças climáticas, o Brasil desponta como forte destino para capitais voltados ao desenvolvimento de metais críticos à transição energética, conforme estudo lançado em parceria pela EY e o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
O Brasil possui recursos minerais de alta qualidade e matriz energética de baixa emissão de carbono. Além disso, é impossível fazer uma transição para a economia de baixo carbono sem contar com minerais, como terras-raras, nióbio, lítio, cobre, em oferta no subsolo brasileiro.
A maior demanda por minerais e metais permite ao país impulsionar cadeias produtivas e desenvolver novas indústrias de processamento e transformação de produtos de alto valor agregado. Assim, aumenta-se a contribuição da indústria mineral à economia, sempre com sustentabilidade. Por meio do uso de tecnologia e da transparência com as comunidades, o setor aumenta a segurança e reduz o impacto das operações, ampliando os legados socioambientais.
Além de operações mais seguras e menos impactantes no ambiente, a mineração se coloca à frente da solução para questões complexas. Exemplo é o garimpo ilegal na Amazônia, principalmente em terras indígenas. O IBRAM e as mineradoras têm articulado, há cerca de um ano, novas ações junto ao governo, a ONGs, à Academia e ao setor produtivo, além de países compradores de ouro. São iniciativas que apresentam avanços positivos.
Leia também
A realidade do setor mineral brasileiro é agir em consonância com metas globais socioambientais, adotar modelos inovadores de negócio e de descarbonização para obter um balanço líquido de emissões igual a zero (net zero) e impactos positivos pela redução de emissões e contribuições socioambientais (net positive)
A despeito do cenário promissor para a mineração, há riscos que precisam ser enfrentados, com vontade política e empresarial, para implementar marcos regulatórios para estimular a competitividade e o desenvolvimento dessa indústria. Por exemplo, são escassos os mecanismos de financiamento, enquanto outros setores produtivos gozam de linhas com condições exclusivas.
Outro problema sério é o florescimento, em estados e municípios, de uma sanha arrecadatória, sem levar em consideração o mercado, a produtividade e a segurança jurídica do setor mineral. Criam-se cada vez mais encargos que prejudicam a competitividade e refletem negativamente na atratividade de investimentos.
O estudo EY-IBRAM indica que o setor mineral lidará com maior escrutínio de investidores sobre impactos nas comunidades locais, gestão de água, descarbonização e mudanças climáticas. Assim, as empresas têm repensado e reorganizado seus negócios com atenção à agenda ESG, e o Brasil está no mapa dessa reestruturação. E a mineração brasileira tem demonstrado sua atuação em plena sintonia com as tendências globais dos máximos cuidados com o meio ambiente, com as pessoas e com sua governança. É este o cenário atual e são estas as perspectivas da indústria da mineração do Brasil.
* Raul Jungmann é diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, da Defesa e da Segurança Pública e ex-deputado federal.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.
Deixe um comentário