O presidente do Cidadania, Roberto Freire, discordou de que os atos do domingo (12) tenham sido um teste para a terceira via. “O movimento de domingo não teve nada a ver com a construção de uma terceira via, até porque, se fizer isso, divide o que não pode ser divido. Ao contrário, a gente precisa de uma maior unidade”, disse. Ele também alertou que o apoio a qualquer ato de rua contra Bolsonaro é necessário para “garantir 2022” e criticou a postura do PT de não participar do movimento. “O que está em jogo implica inclusive garantir 2022 e quem não tem isso em mente está fora da realidade brasileira e isso é o que me preocupa nas atitudes do PT”.
Freire observa que as escaladas do presidente Jair Bolsonaro contra a democracia devem ser observadas à luz da história e a que a resposta deve vir da mesma forma, isto é, resgatando caminhos trilhados em outros tempos para a reestruturação política do país. Ele citou como exemplo a Aliança Democrática formada em 1984 para derrubada do regime militar que uniu siglas de diferentes espectros.
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“O que precisa ser colocado é ninguém está discutindo uma terceira via neste movimento. Se fizer isso, Bolsonaro agradece. Se houver unidade, o impeachment pode vir, mas essa discussão não traz unidade. Tem problemas, eu sei disso, mas eu quero lembrar vários episódios que mostram que, se não nos unirmos, o nosso inimigo ganha”, acrescentou.
Ele fez questão de ponderar, ainda, que participar de atos de rua em conjunto não implica fechar alianças ou, nas palavras dele “casamentos políticos”. “Não estou pedindo o casamento do PT com MBL, mas que participem juntos na frente que se pretende combater Bolsonaro”. O presidente do Cidadania ressaltou, ainda, que a orientação repassada ao partido é de que participem de todos os atos contra Bolsonaro e pelo impeachment que forem promovidos, inclusive os do início de outubro, os quais têm apoio do PT e Psol.
A Executiva do Cidadania oficializou o nome do senador Alessandro Vieira (SE) como pré-candidato à presidência. Vieira participou dos atos na Avenida Paulista neste domingo, quando também foi contabilizada a presença de outros postulantes a candidaturas presidenciais como o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), Ciro Gomes (PDT), a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o governador de São Paulo, João Dória (PSDB).
O presidente do Cidadania viu tanto como positiva quanto necessária a ida desses nomes “para que a população avalie”, mas destacou que reforçar um ou outro individualmente, assim como promover um partido ou outro, seria dificultar um diálogo que tem sido construído de maneira muito delicada. As siglas que encabeçam a defesa do impeachment pretendem fazer uma nova rodada de conversas possivelmente a partir desta quarta (15).
A avaliação de Freire é de que não se pode “perder tempo”. “Houve um recuo com a carta. Agora é uma questão de tempo, ou apressa ou pode não ter jeito. Agora não podemos demorar. Precisamos enfrentar de forma o mais urgente possível”. A carta em questão, intitulada “Declaração à Nação” foi divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro na quinta (9) após representantes dos poderes reagirem de maneira crítica às declarações dadas por Bolsonaro no Sete de Setembro, quando a apoiadores, o presidente fez ataques ao Supremo Tribunal Federal. O texto, que soou com uma tentativa de retratação, foi escrito pelo ex-presidente Michel Temer.
Parlamentares ouvidos pelo Congresso em Foco após os atos do 12 de setembro, no entanto, ponderaram que a construção da agenda pelo MBL e Vem Pra Rua afastou os partidos e lideranças políticas. Um dos principais motivos seria o apartidarismo desses movimentos e o fato de eles terem defendido o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Outro ponto criticado pela esquerda foi o fato de os organizadores do evento em São Paulo terem colocado na rua, nos atos do domingo, um boneco inflável do ex-presidente Lula usando roupa de presidiário e abraçado com Bolsonaro, que figurava vestido de camisa de força. Também foram vistas faixas com a inscrição “Nem Lula nem Bolsonaro”.
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