As últimas pesquisas têm intensificado a percepção de que teremos uma eleição presidencial focada em duas candidaturas: Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Os levantamentos mais recentes também indicam uma queda na vantagem do petista sobre Bolsonaro. A menos de seis meses do primeiro turno são muitas as dúvidas sobre a sucessão presidencial. O que está acontecendo e o que ainda pode acontecer nas eleições de 2022?
Em busca de respostas, o Congresso em Foco Talk desta quinta-feira (28) promoveu um bate-papo entre o diretor do Congresso em Foco Análise, Rudolfo Lago, o coordenador do Congresso em Foco Análise, cientista político e economista Ricardo de João Braga, e Júlia Schiaffarino, editora do Congresso em Foco.
Uma das movimentações mais recentes na corrida eleitoral foi a saída do jornalista Franklin Martins do comando da campanha do ex-presidente Lula (PT). Integrantes da cúpula petista estavam incomodados com o excesso de poder do ex-ministro da Comunicação Social e com peças de campanha do petista veiculadas recentemente.
Rudolfo Lago destaca o caminho que a comunicação petista deverá seguir. “Tem um pouco de disputa interna e agora essa comunicação terá que ser um maior do que o PT. O Lula vem fazendo uma ampla aliança com outros partidos e esses partidos terão que entrar nessa comunicação de alguma forma”, ressalta.
Sobre as críticas de que o ex-presidente estaria muito focado em se comunicar com a própria base, Ricardo Braga explica que se trata de uma estratégia de campanha. “Existe uma forma tradicional de fazer campanha, que é o clássico de caminhar da esquerda para o centro. O Lula está na esquerda e, para vencer a eleição, ele deve caminhar para o centro. Nós estamos em abril, as eleições serão em outubro. O Lula tem que primeiro agradar a base para então expandir”, explica.
O cientista político destaca que, enquanto a campanha de esquerda para o centro trata de convergência e união, a estratégia da direita tenta mobilizar e radicalizar os grupos que já estão engajados. “O pessoal acha que o Bolsonaro está indo muito bem na sua campanha de comunicação, mas ele não faz o mesmo caminho, ele só está falando com o grupo dele, que já o acompanha”, ressalta
Sobre as pesquisas eleitorais, que apontam uma aproximação de Bolsonaro do ex-presidente, os especialistas acreditam que o cenário das eleições está mais estável do que os levantamentos apontam. Cada candidato tem um “teto” — definido pela quantidade de pessoas que o apoiam e a quantidade de pessoas indecisas — e as candidaturas estão dentro do esperado.
“O ex-presidente ainda tem uma taxa de rejeição menor do que o presidente atual. O Bolsonaro tem um desafio muito grande, que é quebrar parte dessa rejeição que ele tem”, afirma Rudolfo.
O consenso é que a eleição será definida pelo centro, grupo que valoriza, principalmente, o cenário econômico. No entanto, Ricardo destaca que mensagens econômicas estão ruins para o centro. “O Bolsonaro deve apostar em tentar mobilizar parte grande do centro com o discurso de moralidade, de antipetismo. É o mesmo que utilizou em 2018, mas o cenário é diferente, a população é diferente”, explica.
“A única coisa que o mercado financeiro deseja é previsibilidade para os negócios, e o Bolsonaro não tem oferecido isso. Se o Lula conseguir dar essa previsibilidade, assim como fez em 2002, ele pode conquistar uma parte desse eleitorado vindo do mundo do dinheiro”, complementa Rudolfo.
Sobre o apoio regional, Rudolfo destaca que Lula está mais “organizado” do que Bolsonaro. “O Bolsonaro tem bons palanques no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Agora, no Nordeste, ele não tem tanto apoio. O Lula, com as alianças que ele está fazendo, parece já ter mais palanques organizados e em mais estados”, contextualiza.
Na análise dos especialistas, a chamada “terceira via” não deve vingar, pois o espaço entre a polarização está minguando à medida que a eleição se aproxima. “Se algum desses nomes conseguisse chegar com uma avaliação nos dois dígitos, poderia crescer mais com o eleitorado”, destaca Rudolfo. De acordo com as pesquisas, Ciro Gomes (PDT) é o pré-candidato que mais se aproxima deste valor. “Mas o Ciro não está conversando com esse grupo e ele não tem exatamente esse perfil que os outros candidatos da terceira via. Será que ele consegue conversar pra ser essa convergência?”, indaga.
Para as próximas pesquisas, as atenções estão voltadas para o desempenho de Bolsonaro, que cresceu após a saída do ex-juiz Sergio Moro (União) da corrida eleitoral. A expectativa é que o presidente acabe estagnando nas pesquisas, após a migração do eleitor do Moro para a sua campanha. E esses desdobramentos até as eleições, você acompanha aqui, no Congresso em Foco.
Confira o Talk:
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