Diante do conflito generalizado entre israelenses e palestinos nas cidades e colônias próximas à Faixa de Gaza, duas das principais entidades de representação dos dois povos no Brasil concordam sobre o desfecho ideal para a guerra. Apesar de trocas de acusações pela responsabilidade quanto à guerra, tanto a Federação Árabe Palestina quanto o Instituto Brasil-Israel defendem o estabelecimento da política de dois Estados para a pacificação da região.
A solução de dois Estados foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, enquanto se discutia a criação de Israel. O modelo aprovado previa a partição do extinto Mandato Britânico da Palestina na forma de dois países: um de maioria judaica e outro de maioria árabe palestina e beduína, mantendo o centro de Jerusalém como uma cidade neutra. O plano não agradou a população palestina, que, apesar de majoritária, ficou com uma parcela menor de território e sob risco de expulsão de suas propriedades.
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A disputa iniciou, em 1948, a primeira guerra entre israelenses e palestinos, que se encerrou em um lado com a consolidação de Israel e o início de uma série de conflitos com os palestinos, que desde então ficaram sem um governo central e sob constante pressão do país rival, que segue adotando políticas de expansão do próprio território sobre as terras previstas para distribuição à Palestina.
No Brasil, a Federação Árabe Palestina afirma que “só haverá paz na Palestina com a restauração dos direitos nacionais, civis e humanitários do povo palestino e restauração do Estado Palestino soberano, com Jerusalém sua capital”. A entidade acusa Israel de ter violado os tratados de Oslo (Noruega), assinados em 1993 e 1995, em que o governo israelense se comprometia a reconhecer a independência da Palestina e devolver os territórios ocupados.
O Instituto Brasil-Israel concorda que a consolidação de um país judaico e outro árabe palestino é o melhor caminho. “Reafirmamos nosso apoio irrestrito a uma solução de dois Estados, a única capaz de encerrar décadas de violência. Defendemos a existência de um Estado judeu ao lado de um Estado palestino, sob democracias que assegurem a segurança e os direitos de todos”, defenderam em nota.
Apesar disso, os dois órgãos seguem apontando o lado rival como responsável pela escalada da guerra, iniciada no último dia 7. A instituição palestina alega se tratar de um ato de autodefesa do país. “Israel aproveita de todas e quaisquer oportunidades para escalar a violência e continuar executando o projeto histórico do sionismo: a limpeza étnica da população originária, os palestinos, e a anexação de toda a extensão da Palestina Histórica para colocar em seu lugar um regime de apartheid e de supremacismo judaico”, acusam.
Na via oposta, o Instituto Brasil-Israel reconhece que houve tensão por parte do governo de Benjamin Netanyahu, a quem a entidade se opõe. Ainda assim, ressaltam a posição de que “a crise humanitária em Gaza não pode ser atribuída unicamente a Israel – o Hamas tem enorme responsabilidade pela tragédia. O grupo sistematicamente desvia ajuda internacional que deveria ir ao amparo da população civil, utilizando-a para fins militares. Ao ter como objetivo exclusivo a destruição de Israel, o grupo impede qualquer solução ao conflito”.
O tema da pacificação do conflito será discutido na próxima reunião do Conselho de Segurança da ONU, atualmente presidido pelo presidente Lula. A estimativa de mortes até esta quarta-feira (11) é de 1,2 mil israelenses mortos, e 900 palestinos, conforme afirmam os respectivos governos.
Tanto o Instituto Brasil-Israel quanto a Federação Árabe-Palestina são entidades autônomas, e não representam diplomaticamente os dois países ou todas as suas populações, formadas por posições heterogêneas.
Confira a íntegra do posicionamento do Instituto Brasil-Israel.
Confira a íntegra do posicionamento da Federação Árabe-Palestina.
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