O senador Marcos do Val (Podemos-ES) deixou a sede da Polícia Federal (PF) na noite desta quarta-feira (19) após cerca de seis horas de depoimento. O parlamentar responde após denunciar um suposto plano do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-deputado Daniel Silveira de grampear o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e tentar obter alguma fala que pudesse incriminá-lo e assim justificar um golpe que revogasse o resultado das eleições.
Esta é a segunda vez que o senador compareceu para uma oitiva. A primeira vez foi em fevereiro, quando começou a se denunciar sobre o suposto plano. A narrativa, porém, mudou constantemente a cada pronunciamento, alterando detalhes sobre quem teria sido o autor intelectual do plano, sobre como ele teria sido envolvido e sobre sua motivação ao denunciar.
A versão dominante de Marcos do Val se tornou a que ele incrimina Alexandre de Moraes, acusando-o de ter obtido conhecimento do plano e não ter feito nada a respeito, e afirmando que ele estaria suspeito em processos que envolvem Jair Bolsonaro. Moraes nega ter sido informado pelo senador, e Bolsonaro também nega a existência do suposto plano. O senador acabou acusado também de obstrução de justiça.
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Do Val também responde pelo vazamento de documentos sigilosos sob sua responsabilidade. Buscando incriminar o ministro da Justiça, Flávio Dino, de ter se omitido sobre alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a respeito dos riscos de manifestações violentas em Brasília em 8 de janeiro, o parlamentar divulgou em suas redes sociais fotos de trechos dos relatórios de segurança da agência.
Desde o vazamento, em junho, as redes sociais de Marcos do Val estão bloqueadas por decisão judicial. O parlamentar também foi alvo de uma operação de busca e apreensão em seus imóveis pessoais e em seu gabinete, onde a PF procurou apreender possíveis cópias de documentos sigilosos.
Marcos do Val foi um dos entusiastas da criação da CPMI dos atos antidemocráticos. No dia da instauração da comissão, foi desmoralizado por Otto Alencar (PSD-BA), que presidia a sessão destinada à eleição da Mesa Diretora. Após a operação da PF em sua casa, anunciou sua saída do colegiado, alegando se tratar de um pedido pessoal de sua esposa.
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