O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, protagonizam desavenças desde o início do governo de Jair Bolsonaro em 2019. Na última quarta-feira (30), os dois entraram novamente em rota de colisão. Guedes disse, em entrevista coletiva, que há “boatos” de que Maia tenha se aliado à esquerda para não pautar projetos de privatização. “Não há razão para interditar as privatizações”, afirmou. Rodrigo Maia reagiu à provocação do ministro, dizendo ao Estadão que Paulo Guedes está “desequilibrado”.
No entanto, os dois podem se encontrar na semana que vem para aparar as arestas e tentar se reaproximar. O encontro, ainda sem data definida, está sendo articulado pelos senadores Katia Abreu (PP-TO) e Renan Calheiros (MDB-AL).
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Divergências
Umas das principais série de atritos começou durante a tramitação da reforma da Previdência no primeiro semestre 2019. Maia reagiu à declaração de Guedes de que o relatório apresentado pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), com várias mudanças em relação ao texto original, “abortou” a reforma da Previdência. Na época, em entrevista à GloboNews, Maia disse que não se sentia traído por Guedes porque não tinha compromisso com o governo. Segundo ele, a Câmara atuava como “bombeiro” para jogar água nas crises criadas pelo próprio Executivo.
“O governo é uma usina de crises, mas vamos criar uma blindagem. Pela primeira vez o bombeiro é a Câmara. A Casa sempre gerava mais atrito. O ministro da Economia era sempre aquele que gerava mais tranquilidade. Desta vez, não”, afirmou. “Tenho com os eleitores e o país. A reforma é passo fundamental para reduzir a pobreza e a miséria”, acrescentou.
Neste ano os dois voltaram a brigar por conta do impacto fiscal da ajuda financeira a estados. O presidente da Câmara e o ministro ficaram meses sem se reunir. Por intermédio do deputado licenciado e ministro das Comunicações, Fabio Faria, Guedes e Maia voltaram a ter encontros. No dia 15 de julho, em aceno ao ministro da Economia, Maia indicou a Guedes que abriria mão de fazer parte de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que questionava a venda de refinarias da Petrobras sem autorização do Congresso.
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Apesar disso, os dois voltaram a se desentender por conta das discussões da reforma tributária. Há um mês, Maia relatou em entrevista à Globo News que o ministro proibiu a equipe econômica do governo de ter reuniões com ele. Guedes está insatisfeito com a atuação de Maia na reforma e tem dito que ele age para endividar a União e favorecer estados e municípios.
O presidente da Câmara fez na última terça-feira (29) críticas ao ministro da Economia. “Por que Paulo Guedes interditou o debate da reforma tributária?”, questionou por meio de uma mensagem no Twitter.
A declaração aconteceu um dia depois do governo adiar a apresentação de uma proposta que traria uma ampla desoneração na folha e a criação de um novo tributo sobre movimentações financeiras similar a CMPF.
Maia é um dos maiores defensores no Congresso de uma reforma tributária, mas focada na unificação de impostos. O presidente da Câmara já se manifestou diversas vezes contra a recriação do imposto sobre transações.
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