Dentre os fatos históricos relativos às relações do Brasil e Portugal, dois podem servir para orientar os responsáveis pelo governo que divide as opiniões dos cidadãos.
O primeiro fato é a história de Dom Sebastião, o estranho rei que, por sua ausência no poder, criou o “Sebastianismo”, o mito do messianismo português, que permanece em evidência até hoje.
Dom Sebastião nasceu em 1554; era filho único do príncipe herdeiro João e de Joana, filha do rei de Espanha, sendo, portanto, neto do rei de Portugal e do rei de Espanha. O pai, João, morreu antes do nascimento da criança.
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Após a morte do rei de Portugal, tornou-se rei aos três anos de idade. A fim de impedir que o avô espanhol reivindicasse o trono lusitano, o precoce rei foi tutelado por dois regentes, a avó Catarina e seu tio-avô, Cardeal D.Henrique. Aos 14 anos, em 1568, Sebastião foi declarado maior de idade e assumiu o poder.
O jovem rei repudiou as questões políticas e se dedicou a formar um exército para conquistar terras no Oriente. Impetuoso, atravessou o estreito de Gibraltar com o intuito de combater os islâmicos no Marrocos. Desapareceu em combate e virou mito. O povo ficou a ver navios, e o governo luso acabou nas mãos dos espanhóis.
No Brasil, Dom Pedro II foi o segundo e último imperador do Brasil. Seu nome era imenso, mas dois dos sobrenomes se destacavam Salvador, algo como um messias, e Bibiano, que não tem nada a ver com o momento atual, mas serve como curiosidade.
Pedrinho de Alcântara nasceu em 2 de dezembro de 1825, no Palácio Imperial da Quinta da Boa Vista. Ficou órfão da mãe, D. Maria Leopoldina, com 1 ano de idade, e, do pai, aos 9 anos.
Em 1831, aos 5 anos, após a abdicação de D.Pedro I, é nomeado príncipe regente e tutelado por José Bonifácio de Andrada e Silva e Manuel Inácio de Andrade Souto Maior, marquês de Itanhaém. Teve educação esmerada voltadas para a arte, história, geografia, ciências naturais, letras, línguas, equitação e esgrima, tornando-se, na idade adulta, reconhecido como expressivo intelectual. Em 1840, assumiu o trono aos 14 anos de idade, tendo governado o Brasil por 49 anos, sucedido por sua filha princesa Leopoldina do Brasil.
E o que esta longa exposição tem a ver com o governo do presidente Jair Messias Bolsonaro? O presidente, parece-me, assumiu o governo sem nenhum preparo para exercer as funções que a maioria dos eleitores entregaram aos seus cuidados.
Daí a recomendação para que lhe sejam indicados alguns preceptores para explicar, de forma didática, as responsabilidades de um presidente da república no regime democrático.
Pela idade de Bolsonaro, é possível que seja difícil incutir em sua mente princípios básicos de convivência social e conhecimento dos preceitos sobre história, filosofia, sociologia, psicologia e modos de comportamento social; a etiqueta tão necessária na nossa sociedade.
No meio intelectual, há vários mestres que, além dos cursos dirigidos, divulgam os seus trabalhos gratuitamente nas redes sociais; se não quiser ser identificado, é só pedir aos seus produtores de perfis para acessarem os programas. Os preceptores o ajudarão a amadurecer, crescer e reaparecer como outro presidente. Durante o período dos estudos e avaliações psicológicas, que poderá durar pelo tempo que lhe resta de mandato, Bolsonaro pediria licença das funções que passariam ao vice-presidente, que recebeu os ensinamentos e princípios das Forças Armadas do Brasil, seguindo a carreira até o posto de general , podendo levar o País até às eleições de 2022, quando Bolsonaro, então reabilitado, poderá ser reeleito.
Acredito que não haja mais condições de avaliações psicológicas a se fazer num presidente cujo lema é o do rei Luiz XIV e ele, Bolsonaro, parece se iluminar quando diz que “quem manda sou eu”. Poder-se-ia facilmente colocá-lo nas caricaturas do sempre repetido Napoleão Bonaparte. No entanto, demonstra ser apenas um demente desconhecido, espécie de D. Quixote que achou que o juiz Sérgio Moro seria seu Chico Pança. Enganou-se e segue, assim, lutando com os moinhos de vento que não foram estocados pela presidenta Dilma.