O resultado das eleições passadas favoreceu o presidente Jair Bolsonaro com a maioria dos votos da minoria dos brasileiros. Hoje somos cerca de 147 milhões de eleitores dos quais 58 milhões votaram em Bolsonaro e 89 milhões não o escolheram.
A polarização da política e a utilização das redes sociais, além dos escândalos que marcaram os governos do Partido dos Trabalhadores, causaram grande prejuízo à disputa. Candidatos com ficha limpa e experiência foram desprezados pelo eleitor que optou por levar ao segundo turno dois representantes antagônicos ao extremo: Bolsonaro, com o discurso moralista e a facada, e Haddad, com o carimbo de fantoche de Lula e formação nas hostes do Partido, apesar da fisionomia tranquila.
A eleição foi do voto “Fora PT” e do voto religioso e moralista.
Bolsonaro gargalhou à vontade achando que, agora, poderia fazer o Brasil melhor e mais seguro. Cercou-se de militares de alto gabarito e profissionais de renomada em algumas áreas fundamentais. Realizou série de medidas esperadas pela população e empresários, superando obstáculos na economia.
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No entanto, não desceu do palanque que o elegeu e manteve o jeito de menino do Rio até ser contido nos arroubos da juventude. Tratou o cargo com displicência achando que poderia viver de chinelos e camisas de times de futebol. Creio que se Ronaldinho gaúcho aparecer na porta do Alvorada, o presidente abriria as portas do palácio e participaria do churrasco e da batucada com grande prazer, nem que fosse para colocar vídeos nas redes sociais.
Na verdade, mesmo em queda nas pesquisas, Bolsonaro goza da admiração do povo que acredita no seu governo.
A ação dos integrantes do governo nas relações com o Congresso Nacional é, hoje, a grande barreira que atravanca o andamento das propostas enviada ao legislativo. A falta de coordenação dos seus aliados e a força bruta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, poderão causar dano irreparável na governança do país.
É preciso que o presidente Bolsonaro indique políticos experientes para cuidar da sua base nas relações com o Congresso, pois, se não o fizer, antes do fim do semestre a reforma da Previdência terá sido enterrada.
Nos bastidores, as alegações de parlamentares reclamam da falta de consideração e respeito por parte de membros do governo assustados com o desenrolar da “Lava Jato” e não admitem receber os representantes do povo, esses sim, os verdadeiros donos do poder.
É do Congresso Nacional a real legitimidade em representar os brasileiros através dos milhares de governantes e legisladores que devem defender os interesses dos seus eleitores. O parlamentar que se elegeu com poucos votos chega em Brasília com o mesmo poder do seu colega eleito com milhões de votos.
A eleição de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara não o garante como líder do Legislativo, mas, sim, o papel de coordenador das ações de seus pares. O coordenador negocia cargos e funções para manter a harmonia das reuniões em busca de resultados possíveis.
A ausência de representante do governo com habilidade de garantir concessões para aprovar projetos e a intolerância do presidente Bolsonaro com a classe política, com a qual conviveu por longos anos, alegando que são a velha política, são, no mínimo, caricatas, pois, ser honesto é obrigação de todas as pessoas. A prática da negociação é dar importância ao pleito do parlamentar para sua região e não passar recursos para o próprio enriquecer. Se houver desvio de verbas, cabe às autoridades competentes apurar o feito, denunciar o envolvido, resgatar o desvio e colocar na cadeia o infrator. Esta é a nova prática política administrativa que aos poucos se instala na governança do Brasil.
PS: determinar às Forças Armadas comemoração do golpe de 1964 é abrir feridas ainda não cicatrizadas. Hoje, as Forças Armadas respeitam a ordem democrática e participam de governo legitimamente eleito e empossado. Esta é a festa que se deve comemorar todos os dias.
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