O governo esbarra em uma série de dificuldades em busca de uma solução para a crise dos servidores, que farão manifestações no próximo dia 18 de janeiro e ameaçam parar o serviço público com uma greve geral. Segundo comentou com o Congresso em Foco Insider uma fonte do Ministério da Economia, “é como tentar parar a queda de uma fila de peças de dominó depois que alguém deu o peteleco na primeira peça”.
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Segundo essa fonte, a vontade já manifesta do Ministério da Economia seria reverter tudo e não dar reajuste a nenhum servidor este ano. Do ponto de vista da opinião pública, de um modo geral a medida seria bem recebida, dados os evidentes indicadores de crise econômica do país, com baixíssima expectativa de crescimento e a terceira maior inflação do planeta.
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O problema é como reverter a essa altura os compromissos que já tinham sido firmados. De acordo com a fonte, na situação de crise que o país já vivia no ano passado quando se negociou a elaboração do Orçamento, fica evidente a força da negociação que foi feita com as categorias policiais, as únicas que tiveram aumento. Como parar essa primeira peça do dominó depois de dado o peteleco? Que compromissos foram firmados na negociação com as categorias policiais e o que o presidente Jair Bolsonaro e o governo como um todo temem de reação dessas categorias caso haja uma reversão?
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Soluções paliativas
Não havendo a possibilidade de uma reversão total com reajuste zero para o funcionalismo, o governo tratará, então, de negociar caso a caso soluções paliativas. Reuniões neste sentido acontecerão nesta quinta-feira.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, terá encontro com representantes das categorias policiais. Uma solução que se discute é reduzir o valor do reajuste e adiar o início da sua aplicação, talvez para o mês de maio, reduzindo, assim, o impacto no Orçamento anual.
O ministro da Ecoomia, Paulo Gueldes, tem reunião com o Sindifisco, o sindicato dos auditores fiscais, que já está dando dor de cabeça ao governo com paralisações e operações padrão nas aduanas e postos de fronteira, gerando filas de caminhões e atrasando o abastecimento do país. Discute-se a possibilidade de uma bonificação que a categoria reivindica.
No caso dessas soluções paliativas, a ideia é encontrar soluções para as categorias que gritaram mais nas suas reivindicações. De novo, porém, o que o governo teme é a queda de novas peças de dominó nesse processo. As demais categorias do funcionalismo, vendo que outras conseguem atendimento, mobilizam-se também. No início do processo, as carreiras ligadas ao Tesouro Nacional, por exemplo, chegaram a divulgar uma carta na qual reconheciam que, dado o momento de crise, não era prudente o governo conceder reajustes. Uma posição considerada coerente, uma vez que é justamente o Tesouro que administra tais contas. Com o avanço da situação agora, as categorias do Tesouro já marcaram uma reunião para sexta-feira (14) na qual discutirão um indicativo de greve e a adesão ao movimento do dia 18.
“Todas as categorias vão se aproveitando da situação para tirar da gaveta as suas demandas”, conclui a fonte ao Insider. O governo ainda quebra a cabeça para saber como sairá da encalacrada.
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