A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou nesta quarta-feira (9) que irá convocar o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, exonerado do cargo em 20 de dezembro de 2022, para um novo depoimento. Ele foi preso hoje pela Polícia Federal.
“A prisão de hoje é a constatação real de que a linha de investigação da CPMI está em um caminho de consonância com fatos e não com narrativas porque nós não tivemos acesso aos inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal, porém a detenção de Silvinei mostra compatibilidade com a investigação da Comissão”, informou a senadora.
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Eliziane acrescentou que quando o ex-diretor esteve na Comissão, no dia 20 de junho, ele mentiu diversas vezes “de forma escancarada” e isso resultou em uma representação no Ministério Público para que o órgão tomasse as devidas providências.
Após a oitiva com Silvinei Vasques, a relatora já havia avisado ao presidente da Comissão, Arthur Maia (União-BA) a necessidade de realizar uma audiência. O objetivo da nova convocação é fazer uma comparação entre documentos que foram levantados pela equipe da senadora com a fala feita por Silvinei Vasques.
“Espero que haja uma nova [sessão] deliberativa pelo presidente da Comissão e neste deliberativa nós faremos de fato a apresentação desses novos requerimentos. Dentre eles, outros pedidos de acareação que nós julgamos pertinentes para esse momento da Comissão”, disse Eliziane.
Na terça-feira (8), a relatora protocolou um requerimento de acareação entre o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, e o superintendente da Polícia Federal da Bahia, Leandro Almada da Costa. Ambos participaram de uma reunião no dia 25 de outubro para planejar a operação da PRF que teria criado obstáculos para eleitores da região Nordeste no 2º turno das eleições do ano passado.
“Quanto ao Silvinei, a ideia de fazer a acareação com ele é voltada a integrantes da Polícia Rodoviária Federal porque nos relatório que foram apresentados nas ordens de serviços constavam claramente um direcionamento desses policiais para o Nordeste com aumento exponencial de diárias. Houve praticamente uma dobra em relação a essa quantidade de policiais e os pontos de fiscalização com uma concentração exagerada na região”, considerou Eliziane.
A careação de Silvinei deve ser realizada com um segundo escalão da PRF, uma vez que houve uma reunião para planejar a operação da PRF em que a senadora afirma que o ex-diretor pediu a remoção de celulares para impedir qualquer comunicação ao planejar uma ação criminosa.
Constituição Cidadã
A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta, em Florianópolis, o ex-diretor-geral da PRF na Operação Constituição Cidadã. A operação, que apura interferência indevida no segundo turno das eleições de 2022, cumpre ainda dez mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, no Distrito Federal, em Santa Catarina e no Rio Grande do Norte contra diretores da PRF na gestão Silvinei, entre abril de 2021 e dezembro de 2022. As ações foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota, a PF informou que a operação tem o objetivo de esclarecer o suposto uso da máquina pública para interferir no processo eleitoral relativo ao segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
Segundo a entidade, de acordo com as investigações, integrantes da Polícia Rodoviária Federal direcionaram recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro, data do segundo turno, ocasião em que foi realizado patrulhamento ostensivo e direcionado ao Nordeste do país, região onde o presidente Lula alcançou sua maior votação e aparecia com maior folga nas pesquisas de intenção de voto.
Hacker de Araraquara
“Não há nesse momento uma certeza plena de que Walter Delgatti irá depor à CPMI nesta quinta-feira [10] por uma questão logística, já que eles não está em Brasília, e talvez ele que vir em outro dia”, avaliou Eliziane Gama, que juntou com outros cinco parlamentares da base do governo requisitaram a presença do hacker pivô da Vaza Jato, que se envolveu em uma possível em invasões de órgãos públicos com patrocínio da deputada Carla Zambelli (PL-SP).
A decisão de suspender o depoimento de Delgatti cabe ao presidente Arthur Maia. Se a vinda de Delgatti não ocorrer, a sessão assumiu caráter deliberativo e um novo pacote de requerimentos será votado pelo colegiado.
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