A CPI da Covid aprovou, durante a reunião desta quarta-feira (15), a convocação de Ana Cristina Valle, ex-esposa de Jair Bolsonaro e mãe de Jair Renan Bolsonaro. A convocação foi pedida pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e busca aprofundar as investigações sobre a ligação entre o empresário Marconny Faria, apontado como lobista da Precisa Medicamentos, e membros da família Bolsonaro.
A votação foi simbólica e pegou os governistas de surpresa. Dos presentes, apenas o senador Marcos Rogério (DEM-RO), líder governista, votou contra.
A convocação também pegou alguns senadores de oposição de surpresa, pois havia entendimento entre o grupo majoritário da comissão de que não haveria mais tempo para novas convocações. “Já estamos finalizando a CPI, e convocar mais uma pessoa para fechar as pontas deste quebra-cabeça da participação da Precisa…talvez não desse tempo”, disse Otto Alencar (PSD-BA), que integra a comissão. “Eu, por exemplo, não estava esperando que houvesse, mas foi colocado e entre os senadores que estavam lá, a maioria aprovou”, explicou.
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Havia entendimento entre parte dos senadores de que convocar alguém do núcleo familiar de Bolsonaro poderia gerar efeito inverso. O senador Ângelo Coronel (PSD-BA) disse ao Congresso em Foco que evitar a convocação dela e de Jair Renan serviria para “não vitimizar” o presidente, e possivelmente encorpar uma narrativa de que é perseguido pelo Senado.
O filho “zero-quatro”, Jair Renan, não teve convocação pedida pela CPI da Covid. Por conta do prazo curto para o fim dos trabalhos da comissão – que deve ser concluída no fim do mês – torna-se cada vez mais improvável que o homem mais jovem da família Bolsonaro seja ouvido pelos senadores. Regimentalmente, no entanto, a CPI pode funcionar até novembro, lembra Alessandro Vieira. Segundo ele, a eventual convocação de Jair Renan ainda não foi discutida pela CPI.
Ana Cristina e Bolsonaro tiveram um divórcio litigioso. No processo de separação ela acusou o então deputado de possuir à época um patrimônio pessoal bem superior ao declarado à Justiça eleitoral, de auferir rendimentos mais elevados do que os informados à Receita Federal e de ter furtado um cofre numa agência do Banco do Brasil.
No início do mês, o Ministério Público do Rio de Janeiro quebrou os sigilos fiscais e bancários de ao menos sete empresas ligadas à segunda ex-mulher do presidente. A Justiça suspeita de ocultação de verba de suposto esquema de rachadinhas no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Além do filho e ex-mulher do presidente, mais 25 pessoas entraram na mira da Justiça fluminense. Carlos também teve o recolhimento de sigilos na investigação sobre contratação de funcionários “fantasmas” em seu gabinete.
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