Uma semana após ter sido aprovado pela Câmara dos Deputados, em uma sessão considerada histórica, o texto da reforma tributária ainda não chegou ao Senado, onde precisa ser apreciado. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), antecipou o início de suas férias e viajou no fim de semana para a Flórida, nos Estados Unidos, onde pegou um cruzeiro para acompanhar o show do cantor de forró Wesley Safadão. Lira saiu de Brasília sem assinar o texto final da reforma tributária.
A letargia na entrega do texto, combinada com a chegada do recesso parlamentar, acabou atrasando o começo das discussões sobre o assunto no Senado, que só devem começar mesmo em agosto, apesar dos esforços do governo de tentar avançar nas tratativas.
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“O texto não chegou ainda e entramos de recesso hoje. Então, no retorno em agosto, é que vamos começar de fato os trabalhos”, disse ao Congresso em Foco o senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator da proposta no Senado.
Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, falaram sobre a demora na chegada do texto ao Senado, alegando que alguns pontos não podiam ser analisados ainda porque nem o governo nem o Senado tinham conhecimento do texto final aprovado. Enquanto isso, Lira já estava na Flórida. No cruzeiro com serviços de luxo, convidados famosos e duração de três dias, Lira vai assistir, ao lado da família, a shows, aproveitar piscina, hidromassagens e bares exclusivos, enquanto navegam até as Bahamas.
Na Câmara, a informação é que a proposta aprovada pelos deputados está passando pelos ajustes finais de redação. Nos bastidores, contudo, há quem diga que o texto só será enviado ao Senado depois que Lira retornar de viagem. Ainda que as assinaturas hoje sejam basicamente pelo sistema eletrônico, é provável que a Câmara espere pelo retorno de seu presidente, segundo interlocutores ouvidos pela reportagem.
Para destravar a votação do texto na Câmara, o governo fez a maior liberação de emendas parlamentares do ano, com uma soma total de R$ 7,5 bilhões em dois dias. O resultado demonstra força política do presidente da Câmara e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que lideraram, junto com o relator, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), negociações tensas com governadores, prefeitos e representantes do setor produtivo. Ainda assim, o centrão, ala de partidos que tem Lira entre os seus principais líderes, busca mais espaço no governo.
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