O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou nesta terça-feira (25) de uma audiência pública no Senado Federal para explicar a taxa de juros básica (Selic) em prática no Brasil. Campos Netos foi convidado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para abordar a manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano, maior patamar desde 2017.
Campos Neto defendeu a taxa de juros em vigor no país, destacando que a entidade “entendeu que a inflação ia subir” e respondeu com a escalada dos juros, mesmo em um ano eleitoral. “Nunca na história desse país, nem na história do mundo, foi feito um movimento de aumento de juros tão grande no período eleitoral. Mostrando que o Banco Central, mesmo no período eleitoral, entendeu que a inflação ia subir. Entendeu antes de grande parte dos outros países, mas fez uma subida muito grande no ano eleitoral”, afirmou.
Segundo o presidente do Banco Central, caso não houvesse ação por parte do BC, a inflação estaria em 10% (atualmente está em 5,8%) e os juros estariam em 18,75%. “O BC atuou antes, de forma autônoma, e quanto mais cedo se atua, menor é o custo para a sociedade”, pontuou.
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Entre março de 2021 e agosto de 2022, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por 12 aumentos consecutivos na taxa, que saiu de 2% ao ano para o percentual atual. Além do presidente do BC, fazem parte do órgão outros oito membros da entidade financeira.
Campos Neto destacou que não tem a “capacidade” para dizer quando a taxa Selic vai cair, mas frisou que “as coisas têm caminhado no caminho certo”. “Eu não tenho capacidade de dizer [quando vai cair]. Sou um voto de nove. Mas é um processo técnico que tem o seu tempo e as coisas têm caminhado no caminho certo”, afirmou.
Campos Neto tem sido alvo de críticas públicas por parte do presidente Lula (PT). Durante um fórum com investidores na cidade de Matosinhos, em Portugal, nessa segunda-feira (24), o presidente afirmou que “a nossa taxa de juros é muito alta” e isso atrapalha as atividades econômicas. Recentemente, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se uniu ao presidente e pediu publicamente a redução da taxa de juros.
Ao apresentar o requerimento de convite a Campos Neto, o presidente da CAE, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), afirmou que a ida de Campos Neto ao Senado ajudaria a encerrar as críticas públicas de Lula à entidade financeira. “Acreditamos que essa audiência na CAE pode ajudar a cessar essas críticas, por isso vamos abrir espaço para ouvir dele quais as razões que mantêm os juros em 13,75%, pois confiamos na sua capacidade técnica frente ao Banco Central”, afirmou Vanderlan ao Congresso em Foco.
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