O presidente da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) no Congresso Nacional, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), protocolou na Procuradoria-Geral da República (PGR) uma representação contra o filme “Como ser o pior aluno da escola”, protagonizado pelos comediantes Danilo Gentili e Fábio Porchat. A bancada evangélica solicita que seja aberta investigação para apurar eventuais crimes sexuais contra vulneráveis praticados pelos atores e pela Netflix.
O filme, lançado em 2017, ganhou destaque nesta semana após entrar no catálogo da plataforma de streaming. O longa vem sendo alvo de críticas de bolsonaristas e outros grupos conservadores por uma cena específica associada à pedofilia. Na representação, o líder da bancada evangélica afirma que o filme está com a “classificação inadequada de 14 anos”.
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Confira a íntegra da representação da FPE:
“Ressalta-se, que, a pedofilia não deve ser vista algo comum no âmbito escolar ou em qualquer outro”, destaca a ação. A representação afirma que a conduta “faz apologia a atividade criminosa, normalizando a conduta criminosa da pedofilia”. A cena contestada mostra o personagem de Porchat assediando sexualmente dois garotos. Ele interrompe dois adolescentes que estão discutindo e pede para que o masturbem. Os adolescentes fogem.
Além de solicitar a apuração de eventuais crimes, a bancada evangélica pede a retirada imediata do filme dos catálogos da Globoplay e Netflix e que o filme seja reclassificado para maiores de 18 anos, caso não seja proibido.
Mais cedo, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou que o filme fosse retirado do catálogo das plataformas de streaming. Em nota, o Grupo Globo, proprietário do Globoplay e do Telecine, afirmou que não aceitará a decisão e classificou a determinação do Ministério da Justiça como “censura”.
O não cumprimento da decisão acarretará multa de R$ 50 mil por dia às empresas. A determinação foi publicada no Diário Oficial da União nesta terça (15), um dia após o chefe da pasta, Anderson Torres, postar nas redes sociais que iria providências contra o filme após tomar “conhecimento de detalhes asquerosos”.
Os atores negaram qualquer cometimento de crime. “O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim”, reagiu Porchat em texto publicado pelo jornal O Globo.
Gentili, que também é produtor e roteirista do filme, usou o Twitter para rebater as acusações: “O maior orgulho que tenho na minha carreira é que consegui desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista. Os chiliques, o falso moralismo e o patrulhamento: veio forte contra mim dos dois lados. Nenhum comediante desagradou tanto quanto eu. Sigo rindo”. O humorista apoiou a eleição de Bolsonaro, mas passou a criticar o governo ainda no primeiro ano de gestão.
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