O presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez mais uma investida contra veículos de imprensa nesta quinta-feira (31). Em entrevista à TV Bandeirantes, disse que vai proibir órgãos do governo federal de assinar a Folha de S. Paulo e, em tom de ameaça, afirmou que os anunciantes do jornal devem “prestar atenção”.
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“Determinei que todo o governo federal rescinda e cancele a assinatura da Folha de S. Paulo. A ordem que eu dei [é que] nenhum órgão do meu governo vai receber o jornal Folha de S. Paulo aqui em Brasília. Está determinado. É o que eu posso fazer, mas nada além disso”, disse ao jornalista José Luiz Datena.
O ataque público não é o primeiro contra a Folha ou contra a imprensa. Só nesta semana, o militar usou suas redes sociais para criticar veículos de comunicação pelo menos duas vezes. Em um primeiro momento, na segunda-feira (28), comparou a Globo, o Estado de S. Paulo, a Veja e a Folha a hienas, em um vídeo no Twitter.
Também nesta semana, o presidente chamou a TV Globo de “patifes” e “canalhas”, após a veiculação de uma reportagem em que o porteiro do condomínio que Bolsonaro tem casa no Rio de Janeiro afirma que o “seu Jair” teria dado a autorização para que um dos suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco entrasse no local.
Na reportagem, a Globo aponta que o então deputado estava em Brasília no dia do crime, contradizendo o depoimento do porteiro. Mesmo assim, o presidente ameaçou não renovar a concessão da emissora. “Vocês vão renovar a concessão em 2022”, relembrou o presidente. “Se o processo não tiver limpo, não vai ter renovação”, afirmou.
Chávez não renovou concessão
Durante as eleições de 2018, Bolsonaro criticava o candidato do PT, Fernando Haddad, e afirmava que, caso o ex-prefeito de São Paulo ganhasse o pleito, o Brasil poderia virar uma Venezuela. Apesar das críticas ao regime venezuelano, o comportamento sobre a possível não renovação da concessão da TV Globo o aproxima do ditador Hugo Chávez.
Em 2006, Chávez decidiu por não renovar a concessão da RCTV, na época a emissora mais vista do país. Quando anunciou a retirada do ar da emissora, o venezuelano acusou a empresa de “golpista”.
Questionado sobre a semelhança pela Folha de S. Paulo, o presidente reagiu com indignação e afirmou que “aqui não tem ditadura”, além de dizer que “nunca em nenhum momento partiu de mim ameaça a qualquer órgão de imprensa no Brasil.”
MP retirou publicação de balanços
Em setembro deste ano, o presidente assinou uma medida provisória para retirar a obrigatoriedade de publicação de licitações públicas, editais de concursos e leilões em jornais de grande circulação. Na prática, a alteração retira verba de veículos jornalísticos, que perdem anunciantes.
Quando anunciou a medida, ainda em agosto, o presidente ironizou que a mudança ia “ajudar a imprensa de papel”. “Eu espero que o Valor Econômico sobreviva à medida provisória de ontem, eu espero “, disse, entre risos, em pronunciamento na abertura do Congresso da Federação Nacional de Distribuição dos Veículos Automotores (Fenabrave).
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